É interessante pensar na influência de uma obra de arte ao longo do tempo. O quanto sua forma e conteúdo podem conversar com indivíduos tão distintos, inclusive no tempo e no espaço. Música, artes plásticas, literatura, cinema, cada qual com seu poder de fascinar e nos fazer refletir.

“The Dark Side of the Moon”, do Pink Floyd, certamente tem esse status. O álbum, lançado em 01 de março de 1973, chega aos 45 anos com o vigor de um jovem contestador, transitando em um mundo que parece cada vez mais sem redenção. Pessimismo, vazio interior, loucura, ambição. Une raiva e desilusão a momentos de beleza e melancolia, tudo amarrado ainda a um conceito gráfico desenvolvido pelo coletivo artístico Hipgnosis, que já faz parte da memória coletiva dos entusiastas da música. Como resistir ao prisma hipnótico que capta nossa atenção, nos intriga e finalmente convida a imersão em pérolas como “Time”, “Money” ou “The Great Gig In The Sky”?.

Uma obra que transcende gênero musical, pois pensá-la limitada ao rock é muito pouco para sua influência, que perdura até em tempos de internet, onde o hábito de ouvir um álbum na íntegra já não é uma constante. Experimente no player do streaming, ou no vinil, como a gosto dos mais puristas, trancado no quarto.

Ou então quem sabe a audição acompanhada da exibição de “O mágico de Oz”, uma das mais sensacionais lendas urbanas da cultura pop, na qual as músicas funcionariam como uma trilha para o desenrolar dos acontecimentos do filme (a propósito, a banda nega qualquer inspiração no filme na composição). Ainda há a possibilidade de participar da experiência oferecida por planetários, onde a atmosfera criada seria perfeita para a apreciar as músicas.

São 42 minutos que nos deixam um pouco mais próximos da essência de Waters, Gilmour, Wright e Mason, o tempo que pode levar para definir a vida em antes e depois de “Dark Side Of The Moon”.