A noite no Vivo Rio era agitada. Enquanto os italianos do Rhapsody destruíram tudo dentro do Vivo Rio com seu Power Metal, na varanda mais classuda do Rio de Janeiro, o grupo canadense se preparava para tocar para um público que compareceu em peso, guardado às proporções.

Enquanto embaixo entravam os vestidos de preto e de cabelos longos, em cima, uma geração mais moderna e voltada para um outro tipo de som se fazia presente.

Gabriel Royal fez questão de esquentar o clima como ato de abertura, enquanto a galera trocava uma ideia, tomara uma cerveja ou focava na apresentação. O que era pra ser um show estava mais para um happy hour, mas isso de é alguma seria uma coisa ruim.

Às 23h30, o grupo canadense sobe ao palco para destilar suas canções. Para quem não conhece, o quarteto começou em 2010 e executa uma espécie de Jazz com inserções de todos os tipos e trejeitos que movem a Electronica, desde sintetizadores disformes como o Post-Punk da década de 80 até mesclas bem intrincadas, como o que podemos ver no Downtempo.

O BBNG também é um dos sons que grandes rappers falam abertamente na mídia como uma das coisas que mais gostam hoje em dia. Fato que pode ser comprovado por Kendrick Lamar ter uma colaboração com o conjunto no seu último CD (DAMN., de 2017) e o rapper Snoop Dogg ter remixado a faixa Lavender e lançado um videoclipe com críticas a Trump.

Falando sobre o show, a mesma Lavender foi um dos pontos altos da noite, que traz batidas intrincadas e quebras que a banda exerce muito bem em palco. Outros grandes pontos da noite são IV e o seu trabalho incrível de saxofone e piano, muito bem construído por melodias atonais (recurso constante no Jazz).

Outra pegada interessante na banda é que todas as músicas tem cara de um Free Improvisation, seja em técnica ou até mesmo na evolução ao vivo delas. Sendo esse outro recurso característico do jazz que os canadenses souberam trazer para uma roupagem moderna sem serem petulantes ou não respeitarem o original.

O show se encerra com as incríveis IV e Confessions Pt.II, mas a festa continua até mais tarde, com as pessoas podendo beber mais algumas cervejas e passar um tempo agradável com os amigos. O BBNG mostra, em sua apresentação, que um estilo obtuso como o Jazz pode sim ter seu espaço na música e pop e cair na graça do grande mercado fonográfico.

Aliando bom gosto musical com um conceito artístico criativo e interessante, os canadenses já conquistaram muitos corações e o show com casa cheia aqui no RJ é uma prova disso. Se você não conhece, quando vai deixar se conquistar também?

BadBadNotGood
Varanda Vivo Rio, Rio de Janeiro
06 de maio de 2017