Chester Bennington, um cantor elétrico e atormentado, como demonstrava em suas letras, performances e entrevistas, se apresentou no Brasil pela última vez no dia 13 de maio, em um festival no Autódromo de Interlagos.

Cinco dias depois, Chris Cornell faria sua última apresentação com o Soundgarden, em Detroit, e depois se enforcaria em seu quarto de hotel (ainda há teorias que discutem sua morte, mas a hipótese do suicídio é a mais aceita). Passados pouco mais de dois meses, Bennington repete a história do amigo.

Mesmo sendo o suicídio de artistas, de Van Gogh a Champignon, de Heath Ledger a Alexander McQueen, relativamente comum – talvez o suicídio em geral seja corriqueiro; os cantores, poetas e estilistas apenas dão mais exposição a uma eterna epidemia -, é difícil não relacionar as mortes.

Bennington era grande fã das bandas identificadas com o gênero grunge, como o Soundgarden, de Cornell, e os Stone Temple Pilots, de uma geração posterior, mas também relacionados ao som de Seattle. Sua amizade com Cornell vinha muito dessa admiração, e talvez o contágio pela onda de suicídios também. Assim como Kurt Cobain, Bennington sofria com dores estomacais. Assim como ele…

Embora o som tecno-rap-pop-metal do Linkin Park seja distante do rockão deprimido dos grunges, a banda de Chester Bennington aproveitou, uma década depois, os portões arrombados pelo Nirvana e emplacou, hit após hit, suas levadas e refrãos guturais no rádio e em caixas de som e fones do mundo inteiro. Sem “Smells like teen spirit”, isso talvez não fosse possível.

Agora é fácil encontrar pistas nas letras de Bennington. Em “One more light”, ele cantava: “Quem se importa se mais uma luz se apaga/ Em um céu de um milhão de estrelas?/ Ela oscila, oscila/ Quem se importa quando o tempo de alguém acaba/ Se um momento é o que todos somos?/ Somos mais breves, mais breves/ Quem se importa se mais uma luz se apaga?/ Bem, eu me importo.