Principal banda de rock no streaming neste ano (seu álbum de 2017, “Evolve”, teve mais de oito bilhões de reproduções em 2018), os americanos Imagine Dragons foram confirmados há duas semanas como atração do Palco Mundo do Rock in Rio de 2019, na noite de 6 de outubro, ao lado dos Paralamas do Sucesso, Nickelback e Muse. Certamente o grupo mais novo da escalação (eles se formaram em 2008, em Utah), o quarteto trouxe para o rock um curioso formato musical que agora volta aprimorado em seu quarto álbum, “Origins”, lançado na última sexta-feira.

– Não temos um método para compor – explica o baixista dos Imagine Dragons, Ben McKee, em entrevista exclusiva para o Brasil. – O que existe são todas essas gravações que ficam pulando entre os nossos computadores até que a banda inteira entre em estúdio com um produtor. Aí as músicas são reexaminadas e remontadas. É um processo colaborativo, estamos experimentando constantemente.

“Origins” foi gravado pela banda com a ajuda de um time estrelado de produtores do pop: Joel Little (de discos de Lorde e Khalid), Mattman & Robin (Selena Gomez, Carly Rae Jepsen) e John Hill (Florence + the Machine).

– Parecia que eles faziam parte da banda, a diferença para nós é que tinham experiências diferentes, em outras áreas sonoras – conta o músico. – Hoje em dia, não se trata mais de pegar seu instrumento, apertar o botão de gravação e tocar a música com a banda. Alguns ainda fazem isso, e é ótimo. Nós nos inspiramos nas oportunidades que a tecnologia oferece para manipular a paisagem sonora. Entramos na parte de criação de som de sintetizadores e das batidas, do processamento eletrônico dos vocais, dos efeitos… É um trabalho muito divertido.

Com desvios para a música industrial (“Machine”), o drum’n’bass (“Digital”) e até o folk-country (“West coast”), “Origins” toma o rock como ponto de partida para um verdadeiro desfile de estilos musicais.

– Se disserem que somos uma banda de rock, as pessoas vão ficar assustadas quando lançarmos uma faixa de hip- hop. E se disserem que somos pop, elas vão ficar surpresas quando lançarmos uma faixa de rock. Tudo isso é parte do nosso DNA. Deixamos os rótulos para os outros – explica McKee, para quem a tendência dos Dragons a ter um estilo variado caiu como uma luva no streaming. – Nós criamos as músicas de acordo com nossa inspiração, as pessoas decidem em que playlists vão encaixá-las. Não é algo que façamos conscientemente, mas definitivamente nos beneficiamos disso.

“Origins” sai pouco mais de um ano depois de “Evolve” – afinal, músicas para um novo disco não faltavam.

– Estamos sempre compondo canções e gravando pequenas ideias, seja nos intervalos entre os shows, na estrada ou em casa. Assim, cada vez que a gente para e vai fazer um álbum, tem algo como 200 canções – conta o baixista. – E particularmente, nessa coleção de “Origins”, acho que estávamos muito criativos, era um material do qual nos orgulhávamos. Achávamos que seria um desserviço à música se não o lançássemos.

Assíduos no Brasil (em especial no festival Lollapalooza), os Imagine Dragons chegam ao Rock in Rio para dividir o palco com os ingleses do Muse – que lançaram o álbum “Simulation theory” no mesmo dia em que “Origins”.

– Que mundo pequeno, não é mesmo? – ironiza Ben, arriscando seus prognósticos para o show carioca de 2019. – Podem esperar um grupo de pessoas animadas e energizadas por estarem voltando a tocar em um de seus países favoritos.