Em mais uma noite especial no Verão na Fundição, série de shows especiais de verão em uma das casas mais tradicionais do Rio de Janeiro, o público compareceu em bom número para ver a baiana Luedji Luna e a paulista Liniker. As duas já estiveram no Rio de Janeiro diversas vezes, porém, dividindo a mesma noite, que me lembre, é a primeira vez. Apesar disso, as duas artistas fizeram questão de fazer shows completos.

Luedji Luna em apresentação no Rio de Janeiro

Ana Paes | Zimel

Luedji subiu ao palco primeiro. Luedji Gomes Santa Rita é nascida em Salvador, de pais militantes do movimento negro de Salvador. Todo esse arcabouço político permeia a música dela, agora mais influente em uma roupagem rap e rhythm and blues do que no seu primeiro álbum. Músicas como “Iodo” e “Banho de Folha” ganham roupagens interessantes e contam também com a presença de outros rappers, como o sulista Zudizilla (companheiro de Luedji) e Stephanie MC, de São Paulo. Um show potente tanto estética quanto musicalmente.

Liniker sobe ao palco da Fundição com uma iluminação especial, banda afiadíssima e presença de palco magnânima. É bonito poder acompanhar a evolução como artista da cantora em paralelo com a sua própria descoberta de quem é. O domínio de palco da artista é notável e sua evolução na interação com banda e público é enorme e imponente.

Liniker em apresentação no Rio de Janeiro

Ana Paes | Zimel

Já na sua conhecida roupagem que mistura soul, rhythm and Blues e pitadas de jazz, Liniker desdobra músicas como “Caue”, “Intimidade” e as ótimas “Tua” e “Zero”, que catapultou a carreira da cantora fazem o público cantar em uníssono e vibrar como se a própria história de Liniker fosse sua própria, o que, de fato, não deixa de ser. Um discurso dela sobre o quão importante é uma pessoa com a história e a identidade dela poder cantar sobre amor para tantas pessoas demonstra o poder dessa congregração entre artista e público.

Em shows intimistas quando tem que ser e explosivos quando não só tem, mas devem ser, Luedji Luna e Liniker entrelaçam suas vidas entre elas e também nas dos que estavam ali, criando e extrapolando a barreira da distância e criando um elo de amor, representatividade e empatia. Com certeza, todo mundo saiu ganhando.