Quando eu era criança, eu gostava de ouvir o “Disco do Tênis” e eu sempre achei que o nome do disco fosse esse, já que a capa apresentava um par de Adidas surrado, fazia sentido. Na verdade, o título original do álbum de estreia em carreira solo de Lô Borges é homônimo, embora seja amplamente conhecido como o “Disco do Tênis”, em tal grau que o show da atual turnê de Lô Borges é chamado de “Show do Tênis”.

Esse álbum icônico para a MPB tem 46 anos e merecia ser revisitado. E eu, claro, não podia deixar de aplaudir de perto as músicas do “Disco do Tênis”, um disco forte e intenso, que recentemente foi incluído no livro “1.000 Recordings To Hear Before You Die” do crítico de música Tom Moon, além de ser citado como influência por Alex Turner, vocalista e guitarrista do Arctic Monkeys.

O Circo Voador foi o palco desse show intimista e com som psicodélico e experimental, que combinou rock, MPB e Jazz. Ao todo, o setlist da noite de clássicos contou com 25 músicas. O show foi dividido em duas partes: a primeira parte foi reservada para o álbum “Lô Borges”, que foi apresentado na íntegra; e a segunda parte com músicas de outros álbuns e do aclamado “Clube da Esquina”.

A noite começou com a música “Você fica melhor assim”, composição de Lô com Tavinho Moura.  Ovacionados pela platéia, o show continuou com “Pra onde você vai” e em seqüência a “Fio da navalha”. Lô Borges apresentou o álbum completo nos mesmos arranjos originais sob a direção musical de Pablo Castro, que também tocou violões, guitarra e teve participação nos vocais. A apresentação do “Disco do Tênis” terminou com as músicas “Faça seu jogo” e “Toda essa água”.

A segunda parte da apresentação, contou com os clássicos “Clube da esquina II” e “Nuvem Cigana”. O grupo continuou encantando o público com “O trem azul” e “Paisagem da janela”. Com 46 anos de carreirra, Lô Borges se apresentou mostrando uma presença de palco acolhedora e ao mesmo tempo enérgica. Acolhedora porque o público se sentiu especial, como se o show fosse para poucas pessoas numa sala de casa.

Para a execução dos arranjos originais, Lô Borges contou com uma banda entronizada formada por Alê Fonseca (teclados), D’Artagnan Oliveira (bateria e vocais), Dan Oliveira (guitarras, percussão e vocais), Paulim Sartori (contrabaixo e vocais) e Gui de Marco ( violões, guitarras e vocais). Foi uma noite memorável, um presente para quem curte o “Disco do tênis”, que é lado B, e admira o emblemático Clube da Esquina.

Lô Borges, Circo Voador
Rio de Janeiro, 19 de outubro de 2018.