Depois do sucesso de seu projeto “Silva Canta Marisa”, Silva está de volta em turnê divulgando seu novo álbum de estúdio, “Brasileiro”, lançado em 25 de maio deste ano. A turnê iniciou-se em Vitória, cidade natal do cantor, duas semanas antes. No Rio de Janeiro, a passagem contou com três datas no Theatro NET Rio, tendo duas sessões no sábado.

A apresentação de domingo contou com a casa cheia pela quarta vez. O show é um pouco menos minimalista que a turnê “Marisa”, com tecidos coloridos em temas brasileiros como cenografia, mas, conduzido por Hugo Coutinho na bateria, Lucas Arruda no baixo e segundo teclado e o próprio Silva em voz, teclado e violão, mantém-se a atmosfera intimista e calorosa, abraçada pelo público carioca que aplaudia e gritava ao final de cada música.

“Brasileiro” foi apresentado em sua íntegra e, embora sejam bastante recentes, as novas canções do repertório já estavam na ponta da língua da plateia. Com sua atmosfera nacional ao mesmo tempo irônica e não-irônica, canções de base política em letras que lembram porque Silva talvez seja um dos maiores compositores brasileiros da nova geração, o disco teve recepção muito positiva do público, que vibra ao reconhecer o início de cada música nova.

As canções que não fazem parte do álbum também são uma grata adição – duas são de seu primeiro trabalho de estúdio, agradando os que são fãs desde o início, e há até um ode a seu último projeto, com “Beija Eu”, de Marisa Monte. Mas entre estas, são as canções do disco Júpiter que chamam mais atenção: “Feliz e Ponto” é mesclada com “Que Maravilha” de Jorge Ben Jor e apresentada sob iluminação azul e rosa. “Júpiter” é introduzida com um breve discurso do rapaz (todos os discursos da noite parecem conversas) sobre a importância daquele disco e daquele momento em sua carreira. Por fim, temos também a deliciosa “Eu Sempre Quis”, primeiro single de Júpiter.

Outros acréscimos são a nova canção de Gal Costa escrita pelo capixaba, “Menino do Rio” de Caetano Veloso, um cover de Billie Holliday e “O Show tem que Continuar”, de Arlindo Cruz. Essa mistura toda funciona como Silva é capaz de fazer funcionar. O show é coeso e envolvente do início ao fim. Por hora, o vocalista está sozinho no palco, em um banquinho e violão, e é quando mais parece próximo do público. Arranca gargalhadas ao chamar a nova “Prova dos Nove” de “funk da recalcada, mas do jeito de Recife”, rasga elogios aos colaboradores musicais e recebe, envergonhado e tímido, os parabéns da plateia – havia aniversariado na terça-feira. Além dos sempre presentes elogios, berrados aqui e ali. Até fã no palco rolou, durante “A Cor É Rosa”, que fecha o set principal. No final das contas, o magnetismo do vitoriense é novamente o ponto alto do show.

Silva tem se consolidado mais e mais no mercado atual da música popular brasileira, tanto como vocalista quanto compositor, e apresentado uma carreira consistente que parece estar ainda apenas começando e vale a pena ser acompanhada de perto. O público do Rio de Janeiro, mais uma vez cativado pela presença e o sorriso largo do rapaz, já deseja vê-lo novamente e espera que, em uma próxima passagem pela Cidade Maravilhosa, Silva consiga finalmente ir à praia.

SILVA segue com a turnê BRASILEIRO para Fortaleza (20 e 21 de Julho), São Paulo (27 de Julho) e tem datas no Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil até novembro, além de dois festivais em Portugal.

SILVA: BRASILEIRO
8 de julho de 2018, Theatro NET Rio, Rio de Janeiro

1. Nada será mais como era antes
2. Let Me Say
3. Caju
4. Claridão
5. Guerra de amor
6. Feliz e ponto / Que maravilha (Jorge Ben Jor)
7. Palavras no Corpo (Gal Costa)
8. Ela voa
9. Palmeira
10. Mais cedo
11. Milhões de vozes
12. (There Is) No Greater Love (Billie Holiday)
13. Júpiter
14. Sapucaia
15. Menino do Rio (Caetano Veloso)
16. Eu Sempre Quis
17. Beija eu (Marisa Monte)
18. Prova dos nove
19. Duas da tarde
20. A cor é rosa

Encore:
21. O Show Tem Que Continuar (Arlindo Cruz)
22. Fica tudo bem
23. Brasil, Brasil