A aguardada noite de 16 de março chegou, trazendo o segundo show de Baco Exu do Blues no Circo Voador em 2019. A data serviu de segunda chance para aqueles que não conseguiram comparecer ao lançamento do disco “Bluesman” em 11 de janeiro – os ingressos para aquela apresentação esgotaram-se em dois dias. O anúncio do show extra veio logo depois e, em 24 horas, já não sobrava nenhum.

Já soa repetitivo chamar Diogo Moncorvo de fenômeno. Isso parece esgotar o significado da palavra, mas não se engane. A descrição é ideal para o vencedor de Artista  Revelação e Canção do Ano do último Prêmio Multishow. Se o primeiro disco, “Esú”, foi aclamado e elogiado à exaustão, talvez nem todos esperassem a avalanche que chegou com “Bluesman”. Baco faz parte de uma geração de novos artistas que viraram um cenário morno do avesso e que têm renovado a música brasileira mainstream. Nem algumas críticas iniciais, que tentavam menosprezar o trabalho, impediram que “Me desculpa Jay-Z” e “Flamingos” caíssem diretamente na boca do povo, por exemplo. Ou que os ingressos se esgotassem tão rápido. O soteropolitano faz arte com cor, com perspectiva, com personalidade e tocando nas feridas do ser humano, no racismo da nossa sociedade e na instabilidade de nossas relações.

No momento em que Baco subiu ao palco, já na madrugada de domingo, o Circo Voador era um mar de gente de dois andares. A energia do lugar era palpável, passava pelo ar e passava pelos corpos. Cada canção era recebida com um entusiasmo eufórico. O artista apresentou quase integralmente seus dois discos, para a felicidade dos presentes. Houve momento de roda punk, momento de abraçar uns aos outros e pular, momentos de mandar certos recados a certos políticos. O show é formado no palco e fora do palco, como durante “Minotauro de Borges”, quando um bandeirão da Facção Carinhosa desce e é passado pelo público da casa de show. Ou quando uma fã emocionada invadiu o palco durante “Me Desculpa Jay-Z” e foi retirada pelos seguranças – não sem antes conseguir uma boa selfie com o cantor.

Baco tem uma capacidade de dominar a plateia que, unida ao seu já conhecido talento, o torna gigante. Ele e Piva dividem o microfone sem deixar o ritmo cair nunca. A participação de 1LUM3 em “Me Desculpa Jay-Z” é uma delícia e impacta a atmosfera da casa. O show é muito bonito e bem construído, das imagens no telão aos props no palco. As backing vocals Bibi e Aísha fazem um trabalho maravilhoso, sem o qual a apresentação não estaria completa. “Bluesman” ao vivo é um espetáculo que soma à experiência das canções de forma plena. Se você ainda não está prestando atenção em Baco Exu do Blues, o que está esperando?

BACO EXU DO BLUES: BLVESMAN
16 de março de 2019, Circo Voador, Rio de Janeiro