O Cordel do Fogo Encantado se apresentou no Circo Voador numa noite em que “fogo” era a palavra que mais se encaixava com o clima: a sensação térmica no sábado chegou a 47ºC no Rio.

Porém, antes deles entrarem e encantarem, a banda Canto Cego abriu os trabalhos da noite. Formada no Complexo da Maré, o nome dela é “um manifesto e que também soa como uma poesia”. Misturando músicas autorais e versões bem rock n’ roll de clássicos da MPB, agitou bem a plateia que ainda chegava no Circo. Logo depois, DJ Lencinho (mestre de cerimônia do Circo) fez uma linda homenagem ao Marcelo Yuka, falecido no final de semana. 1 minuto de aplauso e uma eternidade de saudade.

E então vem o Cordel com um show mais inusitado que os seus anteriores: cenário bem elaborado, com paineis em formato de triângulo em que as projeções interagiam diretamente com as performances.

O tema da apresentação é “Viagem ao Coração do Sol”, título do último álbum, com músicas que dialogam com os sentimentos humanos ao longo de uma história de cinco personagens, que percorrem caminhos, por vezes misteriosos e mágicos, em busca da filha do vento, chamada Liberdade.

“Sideral”, “Antes dos Mouros”, “Raiar”, “Poeira” foram algumas das canções que foram entoadas por Lirinha e banda, com participação especial de Isadora Melo. As músicas mais conhecidas foram deixadas pro final, como “Pra Cima Deles Passarinho” e “Os Oim Do Meu Amor”, com a plateia em transe com o encanto do show.

Cordel de Fogo Encantado levou um público diverso pra Lapa: desde o senhorzinho de cabeça até a galera de humanas que sentia e dançava a música por entre as pessoas. E lembando Yuka, que acreditava na potência sonora e na potência da poesia, nada melhor do que essa banda representar tudo isso.