Misturando diferentes visões e backgrounds, a última noite de sexta no Circo Voador, no Rio de Janeiro, uniu muitos dos nomes do que melhor temos em termos de rap no Rio. Marcelo D2, seu filho Sain e o furacão BK’ subiram no palco da lona para apanhados interessantes de suas carreiras.

Quem esperava um show misturado dos três, se surpreendeu ao ver Sain abrindo a apresentação, inclusive mais cedo do que o costumeiro horário do local. No repertório do herdeiro de um dos maconheiros mais famoso do Brasil, as novas “Faixa 7” e “Lobbies de Hotéis” foram os destaques de uma obra que, se não se destaca do senso-comum, também não o agride.

BK’ subiu ao palco cerca de trinta minutos depois com o Circo Voador já bem cheio. Em seu repertório, o foco foi no último álbum, o aclamado “Gigantes”, mas não faltaram ótimas músicas do seu debut “Castelos & Ruínas” (2016) como “Sigo na Sombra” e “Quadros” e também alguns excertos de músicas do grupo Pirâmide Perdida, núcleo de rap criado na região central do Rio de Janeiro e que ajudou a catapultar nomes como Sain e o próprio BK’.

Marcelo D2 subiu ao palco com, além do já consagrado 808, uma bateria e dois sopros, que alavancaram a apresentação. D2 fez questão de mostrar muito de seu álbum novo, chamado “Amar é Para os Fortes”, que traz uma carga audiovisual muito interessante ao formato que Marcelo escolheu para seu show. Clássicos como “1967”, “A Procura da Batida Perfeira” e “A Maldição do Samba” foram, claro, cantados pelo público em alto e bom som, bem como músicas como “Mantenha o Respeito” e tudo o que o Planet Hemp representa na carreira de Marcelo D2 não puderam ficar de fora.

Os três rappers, além de mostrarem toda a complexidade e singularidade que há em seus trabalhos, fizeram uma grande e digna homenagem a diferentes visões, abordagens e, acima de tudo, respeito pelo rap e hip-hop. Esperamos que o formato seja aproveitado para novos shows e apresentações desses e de outros artistas.