Algumas bandas conseguem trazer um frescor agradável no som tradicional às qual se propõem. Podemos citar o Diabo Verde como uma delas, incrementando em seu Hardcore levado à risca na sua proposta uma produção interessante e uma perspectiva bem moderna sobre o estilo, mas não ache que isso é algo ruim. A capa do trabalho já é de uma riqueza de detalhes agradável. Também pudera, o trabalho é assinado pelo internacionalmente conhecido artista gráfico Marcelo Vasco (Slayer, Machine Head, Soulfly e outros).

Mesmo com uma pegada calcada no som rápido do começo dos anos 90, algumas inserções de cordas ou de melodias intervencionistas são bem interessantes e trazem um sopro do que é feito no começo dos anos 2000 até hoje, como as guitarras rascantes de Senhor do Destino (que inclusive conta com a participação de Rodrigo Lima, vocalista do lendário Dead Fish) ou a pegada cativante e melódica de A Missão, que também guarda a participação especial de Badauí, vocalista da igualmente prestigiada CPM22.

Mas é nos momentos mais coléricos que o Diabo Verde deixa claro a sua identidade. Petardos como Escravos da Liberdade (que abre o CD após uma breve intro), a cativante O Mal Não pode Triunfar e Velhos Hábitos Nocivos (que promete muitas rodas nos shows), deixam explícito a veia mais belicosa e raivosa da banda e nos mostra de forma cristalina o que esperamos de um álbum de Hardcore: fúria em forma de música.

Em seu segundo registro, o Diabo Verde nos mostra que é possível trazer uma nova cara ao Hardcore e beber de novas fontes sem precisar adulterar a essência. O grupo que já mostrava traços de notoriedade no seu primeiro registro, chamado Sincericídio, sobe mais um degrau na escalada em busca de reconhecimento no cenário nacional. Se reinventar não é sobre mudar toda a história de um movimento, mas sobre reconstituir-se sobre alicerces mais firmes.