Depois de três dias, 24 shows nos dois palcos principais e dezenas de outros em espaços menores, o Rock in Rio 2017 encerrou seu primeiro fim de semana nesta madrugada marcado pela diversidade — sexual e musical.

Durante a maratona, o público aprendeu que a nova Cidade do Rock, no Parque Olímpico, é realmente gigante — e deu sorte de o sol não torrar tanto, depois de uma sexta-feira inclemente. Confirmou também a força de Pabllo Vittar, que roubou a cena em dois dias seguidos, mesmo sem estar escalada oficialmente, e do movimento LGBT, que ontem tomou de assalto o Palco Sunset na vigorosa apresentação do trio Johnny Hooker, Liniker e Almério, culminando com um manifesto a favor do amor e contra a intolerância.

O público aprendeu ainda que Shawn Mendes consegue ser desconhecido de muitos e amado em proporção idêntica e que 100 mil pessoas são muita, muita gente. No Sunset, chamaram a atenção os shows de dois artistas que se apresentaram pela primeira vez no país, o cantor Miguel, que fez uma apresentaçao funkeada e sensual no sábado, e Nile Rodgers e a banda Chic, que fizeram do Sunset uma pista pra lá de quente, com os hits “Everybody dance” e “Get lucky”.

O festival começou sob o impacto do cancelamento do show de Lady Gaga, na véspera, e, depois do drama dos fãs que aguardavam a diva, o bom humor prevaleceu, e muitos little monsters (como são chamados seus adoradores) compareceram à Cidade do Rock animados e carregados no rosa, cor que caracteriza a cantora, com o hit “Bad romance” ecoando em toda parte.

Discursos em prol da Amazônia também marcaram o festival. E desde o início, quando Gisele Bündchen subiu ao Palco Mundo, chamando a atenção para a necessidade de preservação, além de cantar “Imagine”. Os Pet Shop Boys mandaram alguns sucessos de seus 30 anos de carreira, mas a sensação era a de que boa parte do público estava ali só para guardar lugar para a atração seguinte. Substituto de última hora de Lady Gaga, o Maroon 5 não mencionou a diva. E foi bem recebido.

No sábado, com o Maroon 5 encerrando a noite de novo, a cidade começou a encher mais cedo, e o clima político chegou já no primeiro show do dia, o Tributo a João Donato, no Sunset. Além de gritos de “Fora, Temer”, que se ouviram durante todo o fim de semana, o Skank sacudiu o público com música e consciência política, em discursos do cantor Samuel Rosa.

Fora do âmbito musical, a multidão enfrentou problemas nos BRTs lotados e na entrada, no primeiro dia, além de confusão por causa do excesso de público, no segundo dia. A lógica foi parecida em relação aos sanitários femininos, cujas filas exigiram mais paciência no sábado. Mas, com oito estações de banheiros e mais de mil cabines espalhadas pelo Rock in Rio, a infraestrutura e a limpeza surpreenderam positivamente.

(Agência O Globo)