O sábado carioca foi tomado pelo clima do Queremos! Festival, que reuniu 12 atrações nacionais e internacionais em 14h horas de pura mistura de sensações.

Quem abriu o evento foi Nepal, DJ com mais de 20 anos de carreira, abriu a pista do palco rosa com sua peculiar mistura de referências e ritmos. Depois veio a irreverente Letrux inaugurando o palco azul, fazendo um show com as músicas de seu primeiro disco da carreira solo “Letrux Em Noite de Climão”. Climão, no caso, foi o que não rolou em sua apresentação, animando quem chegava no festival.

Às 14h45, Rubel entra adoçando a plateia – ainda um tanto vazia, porém empolgada – com suas músicas poéticas e romântica, embalando a tarde dos casais apaixonados e a se formar na hora. Um clima intimista e interpretação de canções de Caetano Veloso, o cantor conquistou a todos que o conheciam e estavam conhecendo. Deixou um gosto de “quero mais”.

No palco ao lado, Xênia França quebra o clima sereno com sua sonoridade sofisticada e que incorpora elementos da música afro de várias regiões. Com o público embalado ao ritmo dançante, Xênia leva o público a refletir com letras sobre representatividade, invisibilidade e outros problemas sociais. Sua voz macia permeia as canções brevemente interrompidas com conversas irreverentes da cantora com o público presente.

A banda goiana Boogarins foi a atração seguinte, já ao anoitecer, trazendo o seu rock psicodélico e desconstruído. Show tranquilo – estilo lounge – nada se parecia com a empolgação que rolou no show de ionnalee, recente projeto solo derivado de iamamiwhoami. Iniciando o espetáculo com os fãs gritando seu nome, a cantora trouxe um som eletrônico alucinógeno junto com uma performance bem desenvolvida e chamativa, mudando de figurino ao longo da apresentação.

Father John Misty retoma o clima romântico do começo do dia lotando a plateia com seu autêntico folk rock. Pessoas cantando as letras das músicas foi algo bem fácil de achar na pista já lotada do Queremos! Festival. O duo Animal Collective entra logo em seguida, mostrando um show com um doce, psicodélicas, porém ousado. Quem presenciou a apresentação pode conferir camadas de vocais, ruído e instrumentação da mais melódica à mais estridente. Foi a atração que mais fugiu do padrão indie/rock no lineup.

Rincon Sapiência aqueceu uma pista mais lotada ainda misturando o rap da zona Leste de Sampa junto com a batida do funk carioca. Projeções coloridas, interação fantástica e set montado especialmente para o público carioca. Rincon fez uma ótima introdução preparando o terreno impecavelmente para o furacão que vinha a seguir.

BaianaSystem só deixou uma coisa a desejar: não ter continuado o show por horas a fio. O público ferveu e se jogou nas rodas tradicionais de pura energia que acontecem nos shows do grupo. Russo Passapusso foi o maestro da apresentação mais esperada do sábado, levando a pista ao delírio com o manguebeat misturado com afoxé e umas pitadas de ritmo caribenho. Suor, empolgação e fôlego a todo vapor para dançar durante todo o show foi o que se viu nessa apresentação histórica do BaianaSystem.

Ao contrário do que todos pensavam, o show do Cut Copy conseguiu captar uma boa parte da platéia pós-Baiana mostrando suas músicas indie/pop. Pra fechar o festival, a festa Selvagem continuou os embalos de sábado à noite (no caso, domingo de madrugada).

No geral, o primeiro festival que a plataforma colaborativa Queremos! sintetizou bem a sua identidade. A empreitada ousada acolheu o público com seu ambiente muito bem organizado, ótima localização e lineup de fazer inveja a quem não foi.