Mais uma vez no Rio de Janeiro, mais uma vez casa cheia. É incrível como os fãs do Epica se mostram fiéis seguidores do sexteto. Os holandeses passaram pela sexta vez e fizeram sua sétima apresentação em terras cariocas e em nenhuma destas, o público estava meia boca ou razoável, é sempre casa cheia e emoção a flor da pele. O mínimo que a banda pode fazer para compensar toda essa devoção é entregar uma apresentação memorável. E conseguem.

Ariën van Weesenbeek © Lucas Tavares / Zimel

Apesar dos primeiros shows da banda no Brasil terem sido na Fundição Progresso, o Circo Voador se mostra uma decisão bem mais acertada. Além do clima mais fervente (se tratando do Rio de Janeiro, é quase literalmente), a proximidade da banda com o público gera uma atmosfera intimista, mas ao mesmo tempo grandiosa, que se deve também ao som bombástico do grupo. Você pode acompanhar a nossa cobertura da passagem anterior da banda pelo país aqui.

Mark Jansen e Coen Janssen © Lucas Tavares / Zimel

A turnê atual do Epica comemora os dez anos do lançamento do ótimo “Design Your Universe” (2009), e o grupo faz questão de comemorar mesmo, pois toca praticamente o álbum todo e na ordem, mesmo que isso traga consequências como tocar as longas “Design Your Universe” e “Kingdom of Heaven” e seus quase dez minutos de duração, cada uma. Curiosamente, a segunda citada é um dos melhores momentos da noite, com suas passagens progressivas e toda a gama de contrastes.

A junção ao vivo de “Burn to a Cinder” com “Tides of Time” é bem similar ao que é feito no álbum e o efeito é incrível, ainda mais com a segunda sendo acompanhada pelos flashs de celular que, se criam um efeito bonito, não tem o romantismo dos isqueiros. As clássicas “Cry for the Moon” e “Sancta Terra” foram algumas das únicas músicas que não são do álbum que foram tocadas, além de “Beyond the Matrix” (com seções que bebem da fonte pop sem medo de ser feliz), “In All Conscience” e o encerramento “Consign to Oblivion”, que também contabiliza mais de dez minutos. Inclusive, admiro a coragem do Epica de tocar numa mesma apresentação três músicas longas para o padrão comercial e ainda assim manter um apelo arrebatador.

Simone Simmons © Lucas Tavares / Zimel

Simone Simmons, se não esbanja simpatia, evoluiu de forma indubitável as capacidades vocais. A banda exala uma sincronia e um carisma que é difícil de ver nas bandas de Metal em geral e o show não é nada menos do que uma exibição perfeita e refrescante para os rumos da música pesada. Se já vieram seis, podem vir mais seis que, nessa pegada, é casa cheia sempre.

EPICA, 27 de outubro de 2019
Circo Voador, Rio de Janeiro

1- Resign to Surrender
2- Unleashed
3- Martyr of the Free Word
4- Our Destiny
5- Kingdom of Heaven
6- In All Conscience
7- The Price of Freedom
8- Burn to a Cinder
9- Tides of Time
10- Cry for the Moon
11- Design Your Universe
Bis
12- Sancta Terra
13- Beyond the Matrix
14- Consign to Oblivion