As referências a Jake Bugg sempre acabam passando pela ideia de menino prodígio, já que o rapaz começou pra valer na música bem cedo. Aos 18 anos, colocou no mundo seu primeiro álbum, que flertava com influências talvez não muito usuais para um público da sua idade, como o folk e o country rock. E talvez por isso arregimentou uma legião de fãs, estes em busca de novidades além do mais do mesmo do pop. Claro que o fato de ter um look ajudou, mas suas composições certamente foram as responsáveis por manter seu público fiel.

Agora aos 23 anos, ele mostra que o menino amadureceu e os fãs abraçaram isso. Em sua segunda passagem pelo Rio, o cantor-compositor veio com a missão de reencontrar o público para mostrar as músicas de seu mais recente álbum “On my one” (2016), mas ficou evidente que o maior desafio enfrentado não foi a recepção da audiência, mas sim, o calor carioca.

Por volta das onze, Bugg subiu ao palco do Circo Voador sozinho e iniciou o show de forma intimista. Munido apenas de violão e suas composições, abriu justamente com “On my one”, música que divide as dores de uma carreira precoce e que de alguma forma, “roubou” a juventude do garoto de Nottingham. Depois emendou com mais uma do novo álbum, “The love we’re hoping for”, mas sem deixar de fazer a alegria do pessoal com duas do primeiro disco: “Country song” e a comemorada “Simple as this”, fechando o primeiro ato.

Bugg não é muito de firula e ao encerrar a parte acústica, já convocou sua banda e mandou “Two fingers”, levantando o pessoal ávido por hits, e sim, teve “Seen it all” logo no início também. O rapaz é bom na arte de montar setlist, mostrando um repertório coerente, equilibrando novidades, sucessos, e com feeling para criar a atmosfera para o pessoal se levar.

Entre um copo de água e outro, houve momentos pop, como em “Messed up kids” e “Gimme the love”, outros mais introspectivos como em “Love hope and misery” e “Simple pleasures” e ainda os mais divertidos com as músicas de pegada country rock, como em “Taste it” e “There’s a beast and we all feed it”.

Mesmo discreto, Bugg não deixou de agradecer a presença do público e falou sobre a satisfação de voltar ao Rio, entusiasmo retribuído com um show vigoroso para deleite dos fãs. Um dos momentos mais bacanas aconteceu em “Broken”, ovacionada antes mesmo do final da canção, precisando ser pausada enquanto o público aplaudia até ser retomada. Ficou evidente que o espetáculo não era apenas daqueles que ocupavam o palco. Por fim, não teve bis, mas a esperada “Lightning bolt” fechou a noite, deixando a sensação de que a música está em boas mãos e certamente, ainda podemos esperar muito da carreira de Jake Bugg.

SETLIST