O quinto dia do Rock in Rio estava um inferno. Não só pelo calor abissal que fez no Rio de Janeiro quanto como pelos artistas vindos diretamente das profundezas a pisar nos palcos do maior festival de música do Brasil. Teve para todos os gostos: Heavy, Thrash, Death, Groove e tudo o mais. Os horários foram alterados para mais cedo e o sol castigou ainda mais a massa roqueira, que chegou em peso para acompanhar o Nervosa.

Um ponto a se notar nesse Rock in Rio é quantidade de bandas brasileiras espalhadas pelos palcos do evento, em um gênero que se destaca notoriamente pelos artistas internacionais. Ao todo: todos os artistas do palco Supernova (Fire Strike, Jimmy & Rats, Eminence, Noturnall e Armored Dawn), BK-81, Ágona e Canto Cego no palco Favela, alguns artistas no palco eletrônico, Sepultura no Palco Mundo, entre outros. É importante dar relevância ao estilo no Brasil e colocar numa vitrine a grande massa possa ver e entender também que aqui se faz som pesado, e dos bons.

Bom como o Nervosa, o trio de Thrash Metal teve uma ascensão meteórica e com uma carreira já consolidada no cenário internacional. Fernanda Lira (e suas expressões faciais marcantes), Prika Amaral e Luana Dametto começaram a apresentação às 14h50 embaixo de sol forte e além do forte discurso político e feminista, tocaram muitas músicas do último álbum lançado, chamado Downfall of Mankind e lançado pela Napalm Records, uma das grandes gravadoras do mercado da música pesada.

Já o Torture Squad e Claustrofobia fizeram um show duplo com uma troca de palcos interessante e tocaram as músicas marcantes de suas vastas carreiras, com a presença especial de Chuck Billy nos vocais. No palco eletrônico a presença do gigante Infected Mushroom balançou os menos ávidos pela música pesada e no palco Favela, Ágona fez um show extremamente emotivo e especial e o grupo Canto Cego mostrou que se faz música de qualidade no Rio de Janeiro. No Asia, a banda No Part For a Cao Dong chamou a atenção. Advindos de Taiwan, o grupo faz um post-rock mais focado no Rock do que no Post e o resultado agradou.

Já no Palco Mundo, o Sepultura fez um show de almanaque, tocando seus maiores clássicos e abrindo espaço pro Slayer, que está em turnê de despedida. O quarteto, que é um dos pilares do Metal Extremo em si, por assim dizer, fez uma apresentação curta, rápida e objetiva. Seus maiores clássicos foram despejados em uma multidão ávida por esse último abraço. O show, que poderia ter sido sem problemas no Palco Mundo e abranger um tempo maior, foi matador (perdão pelo trocadilho) do começo ao fim. Clássicos como Raining Blood, Season in the Abyss e Angel of Death tiraram lágrimas do público junto com o bate cabeça.

Exatamente as 21h30, o Iron Maiden começa a sua apresentação já com o jogo ganho. O show da Donzela de Ferro é extramemente correto e é um dos bastiões do que é uma apresentação de Metal. Recheado de clássicos como Run to the Hills, Aces High, The Trooper e claro, Fear of the Dark e The Number of the Beast, Bruce Dickinson, Steve Harris e companhia mostraram que ainda tem muita lenha para queimar, mesmo com os quase quarenta e cinco anos de banda. O palco da banda é um show a parte. Com milhões de interações em todas as músicas, inclusive com muito fogo no palco, todo momento é momento de acontecer algo, o que deixa a apresentação sempre interessante. Claro que a aparição do mascote Eddy é um desses momentos sempre esperados.

O Iron Maiden “abriu” a noite para o Scorpions (uma troca de ordem teve que ser feita por logística da banda britânica), que ficou encarregado de encerrar a noite. O público, mesmo castigado o dia todo pelo tempo, não arredou o pé e curtiu os clássicos de outro clássico do Heavy Metal. Petardos como Big City Nights, Wind of Change, Still Loving You, Rock You Like a Hurricane, além de um cover inusitado de Cidade Maravilhosa, foram os pontos-chave da apresentação.