Em uma sexta-feira quente, o jazzista norte-americano Kamasi Washington voltou ao Rio de Janeiro. Sua primeira passagem pela Cidade Maravilhosa foi há dois anos atrás, dentro de nada mais, nada menos que o histórico Theatro Municipal. Desta vez, o Circo Voador foi a casa da visita, aguardada por um contingente massivo, que por pouco não esgotou a lotação do local.

Pincelando toda a sua genialidade durante pouco mais de 1h30 de apresentação divididas em oito músicas, Kamasi mostra porque é um dos artistas mais celebrados de sua geração. Unindo a velha escola do jazz nova iorquino com elementos da vanguarda musical, mostra toda a renovação do gênero através de solos gigantescos e sacadas interessantes, como duas baterias no palco (aumentando a gama de possibilidades percussivas) e na parte das teclas, usando de diferentes sintetizadores que se unem ao tradicional som de piano para criar atmosferas e camadas interessantes. Esses instrumentos, claro, muito bem tocados por Tony Austin e Ronald Brummer Jr. (baterias) e Brandon Coleman (teclados).

Aliás, esse é um outro ponto positivo da apresentação. Apesar de levar o nome de Kamasi Washington e ter ele como atração principal, todos na banda tem seu momento de brilhar, como Miles Mosley (contrabaixista) que assume os vocais em Abraham e a vocalista Patrice Quinn, que não para um segundo da apresentação, literalmente. Presença constante e vibrante, a menina brilha nos vocais de The Rhythm Changes e da emocionante e poderosa Fists of Fury.

Retornando ao país, agora com aura de celebridade do gênero e líder de uma revolução sonora no estilo, Kamasi entrega uma apresentação ardente e tecnicamente primorosa. Como disse, o músico “a diversidade deve ser celebrada e não tolerada”. Alem do claro recado ideológico, a frase também é refletida em sua música, e isso significa um respiro saudável não só para o jazz, mas para a música em geral.