Velhos hábitos, velhas rotinas. Em sua quarta passagem pelo Rio de Janeiro, o Lacuna Coil, invariavelmente, enche seus shows. É inegável pensar em um show de Cristina Scabbia e Cia. que não esteja ao menos com a metade da capacidade da casa e ontem, Domingo de sol e muita chuva no Rio de Janeiro, não foi diferente. Os italianos voltaram para mais um show na Cidade Maravilhosa e o Circo Voador estava em polvorosa.

Lacuna Coil se apresenta no Rio de Janeiro, em 2020.

Daniel Croce

O Lacuna faz um show divertido. E com isso não quero dizer que é um show necessariamente animado. Quer dizer, também é! Mas o que mais importa nessa confusão toda é que apesar de qualquer coisa, é um ambiente agradável e amigável para todos e todas. No público, foi possível ver desde cadeirantes até motoboys (de roupa, capacete e tudo o mais!) agitando ao som de músicas como “Sword of Anger”, “Layers of Time” e “Reckless”, todas presentes no último álbum da banda “Black Anima”, lançado ano passado e muito bem recebido pela crítica.

Após um discurso sobre manutenção da saúde mental feito por Scabbia, “Save Me” é executada. Independente da recepção do público, é interessante ver uma banda mainstream se importando com temas tão inerentes ao seu público-alvo e não só isso, numa questão de saúde pública em geral.

Lacuna Coil se apresenta no Rio de Janeiro, em 2020.

Daniel Croce

É claro, clássicos não faltaram. Músicas como “Heaven’s a Lie” e “Enjoy the Silence” foram urradas por todos os presentes no Circo Voador. Mas a noite era de resgate de um passado pouco lembrado pelos fãs. Após uma troca de roupa, a banda volta com modelos usados no começo da carreira, inclusive com Cristina retornando em um vestido vermelho que remonta um Lacuna Coil diferente, mas jamais descartado. Ao todo, foram tocadas seis músicas bem alternativas, por assim dizer. Sendo elas: “A Current Obsession”, “1.19”, “When a Dead Man Walks”, “Soul Into Hades”, “Tight Rope” e “Comalies”.

Todas elas são dos três primeiros álbuns da banda, com exceção de “Soul Into Hades”, que resgata o primeiro EP do grupo (!!!!) de 1998. Elas soam de  uma forma bem diferente do Lacuna Coil atual, mas se você é fã do grupo hoje e não conhece os sons antigos, vale dar uma chance.

Lacuna Coil se apresenta no Rio de Janeiro, em 2020.

Daniel Croce

As duas últimas foram “Veneficium” (A escolha do setlist do Lacuna é tão interessante que até uma das músicas mais novas do grupo cai como uma luva na seção “old school”, por ter uma estética parecida) fechando com a animada “Nothing Stands in Our Way”. Para além de uma banda já consolidada, o Lacuna Coil, com essa última passagem, afirma o amadurecimento da banda não só na sua música, mas também como artistas.

Para abertura, os americanos do Uncured mostraram traquejo e garantiram a atenção de muita gente presente. Já com um público razoável na casa, o grupo destilou músicas dos seus dois álbuns, de nome “Medusa” e “Epidemic”. O ponto alto da apresentação foi um cover de “Roots Bloody Roots”, do Sepultura. Certos estão eles de jogaram pro público e garantirem a simpatia de uma audiência curiosa.