15 mil pessoas esperavam ansiosamente por ouvir novamente os acordes de Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante em uma nova reunião do Los Hermanos. A banda, que angariou fãs que se assemelham a legiões que cantam e declamam as letras carregadas em melancolia, faz quatro shows especiais na cidade do Rio de Janeiro e todos eles com lotação máxima. Só com essa informação, dá pra saber o tamanho do grupo do qual estamos lidando.
A festa era do Los Hermanos, claro. Porém, não podemos esquecer que a banda de abertura é o Pato Fu, mais antiga e tão respeitada quanto os barbudos cariocas. Fernanda Takai e John Ulhoa lideram a gangue mineira que tem em sua carreira dez registros e mais de vinte anos de estrada. Apesar de ser um show de caráter intimista, incrível e muito bem estruturado, infelizmente foi bem pequeno. Takai mostra uma serenidade e educação invejáveis em palco e John um incrível controle de seus instrumentos, indo do pesado ao leve em segundos, como um demônio preso na condição humana. Ricardo Koctus segura com sucesso toda a maluquice registrada pelo grupo e Glauco Nastacia e Lulu Camargo acompanham a banda com maestria.

Não Pare pra Pensar e Eu Era Feliz abrem o show dos mineiros que se segue com um medley de Ninguém Mexe com o Diabo e Capetão 66.6 FM. O Pato Fu apresenta texturas completamente diferentes e mostra o porque da banda ser uma referência na música brasileira e ter quebrado barreiras com o seu som. O show também contou com uma releitura interessante de Ando Meio Desligado (Os Mutantes) e clássicos como Sobre o Tempo e Canção pra Você Viver Mais. Infelizmente, como dito, a apresentação do Pato Fu foi rápida e não deu para ser uma apresentação mais completa e concisa. Ficamos no aguardo da volta deles aqui em um show completo, pois qualidade sabemos que temos.

Após quase uma hora de troca entre um palco entre o outro, o Los Hermanos, seguindo o horário com uma precisão inglesa (assim como também o Pato Fu), adentra ao cenário. Em O Vencedor, que abriu o show, quase não se ouviu Camelo cantando, pois o público delirava. Aliás, o público é um dos grandes trunfos do show, cantando com louvor todas as palavras declamadas pela banda e mostrando uma adoração refinada. Retrato Pra Iaiá veio em seguida, e fechando a tríade de abertura, tivemos Além do que se vê.

O que se seguiu foi um mérito incrível de sucessos da banda e uma entrega incrível e apaixonada dos presentes. Foram contempladas músicas famosas do grupo como Todo Carnaval tem seu Fim, O Vento e De Onde vem a Calma, mas também foram tocadas algumas bem alternativas como Um Par, Do Sétimo Andar e A Outra. O primeiro CD, o mais violento e agressivo da banda, também teve seu lugar com Azedume e Descoberta, além de um bis quase todo dedicado a ele, com Anna Júlia (Sim, eles estão tocando!), Quem Sabe e Pierrot, essa fechando o show.

Uma apresentação do Los Hermanos é sempre carregada de poder e emoção, seja a força das guitarras da banda ou a devoção das letras. Você tem todo o direito de gostar ou não da banda, mas é indefectível a posição e a relevância que o grupo teve no cenário da música brasileira, trazendo frescor e uma nova esperança de aceitação no panorama nacional. Se você ainda não foi ver um show dos caras, torça para uma nova reunião e vá. Com certeza será uma experiência, no mínimo, única.?

?LOS HERMANOS
Marina da Glória, Rio de Janeiro
30. Outubro de 2015

?1- O Vencedor
2- Retrato Pra Iaiá
3- Além do que se vê
4- Todo Carnaval Tem Seu Fim
5- O Vento
6- Cadê Teu Suín-?
7- Do Sétimo Andar
8- Samba a Dois
9- Condicional
10- Azedume
11- Pois É
12- Morena
13- Um Par
14- O Velho e o Moço
15- A Outra
16- Paquetá
17- Sentimental
18- Primeiro Andar
19- Tenha Dó
20- Descoberta
21- Deixa o Verão
22- De Onde Vem a Calma
23- Conversa de Botas Batidas
24- Último Romance
25- A Flor
Bis
26- Adeus você
27- Anna Júlia
28- Quem sabe
29- Pierrot