Uma despedida repentina e um Imperator cheio. Era o que rondava o show da partida do Móveis Coloniais de Acaju do cenário musical brasileiro. Uma banda que desde sempre trazia um fôlego criativo à música brasileira anunciou sua separação e vem lotando casas por todo o Brasil por todos que querem testemunhar uma última vez a incrível fusão de sopros e indie rock, criando uma atmosfera única e intensa em seus shows, sendo tudo maximizado pela incrível entrega dos integrantes nas apresentações ao vivo. E no Méier, aqui no Rio de Janeiro, não foi diferente. Uma imensa gama de fãs estava presente para ver essa última apresentação em terras cariocas.

Um começo intenso e incrível com Receio do Remorso, Cego e Perca Peso, o Móveis mostra ao que veio já deixando todos com as camisas suadas e rostos ruborizadas de tanto pular e dançar ao som da banda. Em momento algum os músicos pretenderam abaixar a rotação no começo da apresentação e mais músicas rápidas como Swing Hum e Meio e Esquilo Não Samba foram executadas. O clima era ótimo e a banda fazia uma das despedidas mais animadas que já tive o prazer de presenciar. Afinal de contas, o que adianta as partidas senão forem para relembrar todos os momentos felizes, não é mesmo?

A grande habilidade musica de todos os integrantes do Móveis é colocada à prova em músicas como Sadô-Masô e Menina-Moça e os mesmos não fizeram feio. Aliás, essa é uma das qualidades mais latentes da banda de Brasília: todos os que ali fazem parte tem uma míriade de habilidades e truques na manga para tirar o melhor de seus instrumentos, desde a flauta até a guitarra. Tudo isso, é claro, passando pelo tempero da voz de André Gonzales, que dita a música do coletivo com um timbre pesado e ao mesmo tempo de entrega macia, fazendo a cama perfeita para todos os atributos do grupo.

Em Copacabana, a alegria é geral, os membros da banda descem ao público e organizam uma muvuca generalizada de muito bom gosto, com direito até a pedido de casamento! Pulando junto com o público e animando todos na pista do Imperator, sem exceções, o Móveis faz a festa perto de seus fãs. A música também se alia ao momento, com seu andamento de ska que o grupo inclui tão bem nas suas composições, como também é possível verificar em Oi do Mal Irremediável e Seria o Rolex?

Na parte final do show, a ácida E Agora, Gregório?, Adeus e famosa O Tempo representam o último suspiro do Móveis Coloniais de Acaju na cidade do Rio de Janeiro. E compõem um adeus aplaudido e lamentado por todos os presentes, pois certamente a ausência da criatividade e relevância do grupo na cena musical nacional será sentida. Apesar de todos os sentimentos, uma coisa podemos nos certificar: o show foi um manifesto pertinente de uma carreira vitoriosa da banda, e essa despedida não poderia ser menos gloriosa e celebrada. Ou seria um até logo?

16 de dezembro de 2016
Imperator
Meier, Rio de Janeiro