Apesar do local escolhido ter sido a Praça da Apoteose, a sensação foi semelhante a de estar assistindo a um show intimista, provavelmente por conta do clima familiar do evento e das canções clássicas de ambos os músicos.

O primeiro a subir no palco foi James Taylor, que com muita humildade reverenciou o público antes de começar com “Wandering”. O americano, depois explicou, entre uma música e outra, que havia quebrado o dedo e por isso não poderia tocar violão – detalhe: tudo isso em português, alimentando desde já a atmosfera de proximidade que se viu ao longo do show.  Usou palavras carinhosas para descrever os músicos que o acompanham, como o saxofonista Lou Marini, da Blues Brothers, o baterista que descreveu como “a bit of a legend”, Steve Gadd e o guitarrista Michael Landau, segundo James, “o melhor do mundo”. Assim, durante a apresentação dedicou um momento para falar de todos os músicos e cantores que estavam com ele no palco.

Taylor, cuja voz por si só já deu um show a parte, passou por canções como “Walking Man”, “Carolina in My Mind”, da qual contou ter escrito quando estava sentindo falta de casa, “Stop Thinkin’ ‘bout You” e o cover de Marvin Gaye “How Sweet It Is (To Be Loved By You”), que fizeram o público dançar, apesar da chuva. Além disso, relembrou a apresentação que fez no Rock In Rio, em 1985, no dia da eleição de Tancredo Neves. Contou que neste dia foi ao Circo Voador e esteve com Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil e outros nomes da música brasileira, que retornados do exílio o inspiraram a compor a música “Only a Dream in Rio”.

“You’ve Got a Friend”, seu clássico cover de Carole King, emocionou e colocou o público para cantar, tornando aquele um momento bastante memorável. A chuva, que já se intensificava desde a metade da música, não foi o suficiente para espantar o ânimo de todo o público, que ainda pediu bis e, Taylor, aceitou. Ao final da apresentação disse à platéia que aguardasse a montagem do palco de John e que a paciência seria recompensada.

E assim foi. Elton John subiu ao palco sob chuva intensa, mas com a energia lá em cima. O público, ansioso pela apresentação do inglês, dançou ensopado com “The Bitch Is Back” e “Bennie and the Jets”. Em seu piano, usando jaqueta preta brilhosa e óculos vermelhos, John foi acompanhado pela banda composta por Davey Johnstone, Matt Bissonette, Kim Bullard, John Mahon e Nigel Olsson. A ótima “I Guess That’s Why They Call It the Blues” foi um dos pontos altos do show, sendo sucedida por “Daniel”, “Someone Saved My Life Tonight” e “Philadelphia Freedom”.

Em seguida, Elton John brilhou sozinho no piano com um solo que culiminou na clássica “Rocket Man”, levando o público ao êxtase, cantando cada verso da música e ignorando a chuva que só apertava.

O show, parte de uma turnê mundial, que ainda passará por Porto Alegre e São Paulo, conta com destaques do repertório do músico como “Tiny Dancer”, “I’m Still Standing”, “Burn Down the Mission”, “Goodbye Yellow Brick Road” e o grande hit, “Your Song”, música que ficou de fora na sua apresentação do Rock In Rio 2011.

Do álbum mais recente, “Wonderful Crazy Night”, de 2016, a escolhida foi “In the Name of You” e ainda houve tempo para uma bela homenagem com “Don’t Let the Sun Go Down on Me”, famoso dueto feito com George Michael, que faleceu no final do ano passado. “Crocodile Rock” encerrou a noite, que só teria sido melhor sem tanta chuva. Elton John, por outro lado, não deixou nada a desejar e é a prova viva de que um clássico só fica melhor com o tempo.

Elton John e James Taylor
Praça da Apoteose – Passarela do Samba Prof. Darcy Ribeiro, Sambódromo, Rio de Janeiro
01 de abril de 2017

Luiz Henrique Estevam

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