Em mais uma edição realizada em Portugal, o Rock in Rio Lisboa apresenta diversas novidades ao seu formato e uma estrutura que funciona ainda melhor que a realizada no Brasil. Porém, apenas uma das datas teve seus ingressos esgotados antecipadamente, ao contrário do que ocorre na edição carioca, cujas vendas terminam em minutos.

Desde o meio dia o público já começava a se aglomerar, mas como o Rock in Rio é realizado em um grande parque – seguindo a tradição dos festivais europeus de verão -, ao longo da tarde ainda estava muito espalhado entre palcos, atividades e sombras de árvores. A partir do início da noite que as atenções começaram a se voltar para o Palco Mundo e encher o ambiente.

Com filas rápidas na parte de alimentação; outras mais demoradas no banheiro feminino, diversos vendedores itinerantes de cerveja, água de coco e alguns snacks; as atividades que envolveram maior procura do público neste primeiro dia foram as da área de games e ações patrocinadas, que rendiam brindes aos participantes. A tirolesa também não parou, mas o agendamento por aplicativo facilitou a vida dos mais aventureiros que quiseram percorrer a frente do palco mundo no ar. Essa edição deu início também ao uso de copo de plásticos reutilizáveis e personalizados, com 10 estampas diferentes. Além de diminuir consideravelmente a sujeira do evento, ainda garantiu mais um souvenir para a lista dos consumidores.

Confira: Para a noite de estreia, o palco mundo recebeu os shows de Diogo Piçarra.

O girl power esteve muito bem representado no palco mundo com a Haim. A banda é formada por três irmãs americanas – Este Haim (baixo), Danielle Haim (guitarra e bateria) e Alana Haim (guitarra e teclado) – que começaram a tocar ainda na escola. Tanto no início, quanto no encerramento do show, elas tocam percussão juntas. Acompanhadas por um baterista e um tecladista, durante a apresentação as irmãs revezaram os vocais e também alguns instrumentos.

HAIM no Palco Mundo © Denis Cunha / Zimel

As musicistas da Haim não só se divertiram no palco, mas também animaram o público com um show repleto de solos de guitarra e uma apresentação cheia de potência, mostrando o porquê de terem sido nomeadas como “Best International Group” nos Brit Awards e ainda para o GRAMMY como “Best New Artist”. Fizeram o público dançar e pular bastante, sendo uma boa escolha para manter a plateia aquecida para os últimos shows da noite.

Com 18 músicas, a banda inglesa Bastille fez o público vibrar com o show de seu seu último álbum, o premiado “Wild World”, além de outras canções conhecidas do público, música nova e até um cover. O repertório contou, entre outras, com “Flaws”, “Laura Palmer”, “Things We Lost In The Fire”, “World Gone Mad” (do filme Bright com Will Smith), “Quarter Past Midnight” (música lançada esse ano que empolgou a plateia) e o cover da dançante “Rhythm of the Night”, da Corona. A banda encerrou a noite com o hit Pompeii, que foi a primeira música a ser cantada – e filmada – em uníssono pelo público do Rock in Rio.

Bastille no Palco Mundo © Denis Cunha / Zimel

Foi também o primeiro show do Palco Mundo a fazer uma crítica política ao dedicar como um “foda-se ao Trump” a canção “The Currents”, que tem um trecho em que dispara: “When anybody preaches disunity to pit one of us against the other/You know that person seeks to rob us of our freedom and destroy our very lives” (“Quando alguém pregar a desunião para nos colocar um contra o outro/Você sabe que essa pessoa quer roubar nossa liberdade e destruir nossas vidas”).

Com um pequeno atraso, o Muse entrou no palco já levantando os fãs que aguardavam ansiosamente e, em grande quantidade, uniformizados com as camisetas da banda. Pela terceira vez na Cidade do Rock, a banda aproveitou essa oportunidade para apresentar, num show de uma hora e meia de duração, as músicas do seu último álbum “Drones” (vencedor do GRAMMY de “Melhor Álbum de Rock” em 2016) e com grandes hits como “Time is Running Out”, “Plug in Baby”, “Undisclosed Desires”, “Though Contagion” e “Psycho”.

Com uma apresentação repleta de efeitos nos instrumentos e visual futurístico, a banda britânica aproveitou para usar as projeções e a iluminação de forma a complementar de maneira muito consistente a apresentação. Em alguns momentos dava a impressão dos músicos estarem em um vídeo clipe, em outros havia uma sensação de profundidade no palco.

MUSE em apresentação no Palco Mundo © Denis Cunha / Zimel

Em “Hysteria”, a banda tocou o riff de “Know Your Enemy” do Rage Against the Machine e também um trecho de “Back in Black” do ACDC, mostrando suas influências. As músicas que mais levantaram o público foram “Resistance”, “Supermassive Black Hole” e “Uprising”.

A banda utilizou também alguns instrumentos digitais. Em “Supermassive Black Hole”, o vocalista e guitarrista Matthew Bellamy tocou – até com a língua – um “Korg Kaoss Pad” em sua guitarra. Já durante as músicas “Madness” e “Dig Down” é utilizado um “Misa Tri Bass”, instrumento com aparência de guitarra e nome de contrabaixo, que é um controlador de sintetizadores que permite uma interação direta entre o usuário e o instrumento, uma vez que seu corpo não possui cordas, tampouco botões. No braço do instrumento o músico deve apenas deslizar a mão para realizar os acordes e no local onde seriam as cordas, há um tablet instalado e o controle de ritmo é feito tocando em diferentes locais da tela touchscreen.

Durante o bis a banda tocou “Take a Bow” (com a projeção de algumas palavras da música no telão como “Corrupt”, “Spell”, “Burn”), “Uprising” (que fez o público vibrar) e “Knights of Cydonia”, encerrando a primeira noite do festival.