Paulinho da Viola é um gênio e todos deveriam assistí-lo, seja em um show fechado, no chão da escola de samba ou no carnaval em si. Da primeira vez que o vi, na terceira opção que listei aqui, me encantei e deixei meu coração ser levado por sua poesia em forma de samba. Na noite de 25/01/2020 o Circo Voador foi presenteado com sua mágica, e ele foi devidamente reconhecido por uma platéia que esgotou todos os ingressos para assistí-lo e deixá-lo conduzir seus corações e pés com os melhores sambas que ele poderia oferecer.

O show “Na Mardugada” revisitou algumas músicas clássicas, verdadeiras poesias de um repertório construído em mais de 50 anos de samba. E embora seu público parecesse mais admirá-lo cantar do que sambar, em parte porquê o espaço do Circo Voador lotado não permitia muita mobilidade para tal, a noite foi dele, do samba.

Tocando seu violão, Paulinho teve a ajuda de Ana Carolina dando sua contribuição no pandeiro, instrumento que ela reconhecidamente domina, e também no vocal, mas para além de toda a musicalidade incrível que foi vista nessa noite, o cantor também encantou sua platéia com pequenos causos pessoais contados entre uma música e outra. Entre esses causos estavam histórias de carnaval de outrora – como quando sentado no meio fio de uma rua no centro do Rio de Janeiro viu passar um bloco cantando uma música sua -, origens de canções como “Para um amor no Recife” e pequenos comentários sobre o Vasco da Gama, seu time de coração, que ganhara um jogo horas antes do show. Mostrando que ele, assim como nós, senta no meio fio quando cansado do bloco e também passa raiva com o futebol carioca, além é claro de sofrer por amor.

Mas isso, todos ali sabiam, estava no repertório, que incluiu “Pecado Capital”, “Dança da Solidão”, “Timoneiro”, “Coração Leviano” e “Foi um rio que passou em minha vida“, músicas que fizeram de Paulinho da Viola o gênio do samba que é. Samba com a força de um rio que não passa incólume em nossas vidas, leva nosso coração e assim o fez em mais uma noite no Rio de Janeiro.

Texto por Fred Borges

Foto por Rafael Catarcione