Não adianta tentar negar que o Prophets of Rage existe (e resiste) à base de muito saudosismo. Se engana, no entanto, quem acredita que isso é tudo que eles são. Aqueles de nós que presenciaram o fervilhar de um lotado Audio Club em plena terça-feira já sabem que devem esperar muito mais dos antigos integrantes do Rage Against The Machine, Audioslave, Cypress Hill e Public Enemy.

Para começar, boas notícias: como haviam confirmado em janeiro, o supergrupo está realmente trabalhando em um novo álbum com previsão de lançamento para setembro deste ano. Se mantiver a mesma qualidade do trabalho apresentado em “The Party’s Over”, “Unfuck The World” e a homônima “Prophets of Rage”, será sem dúvida um excelente presente para os fãs.

Vamos, aliás, falar dos fãs: tão polarizados quanto os membros da própria banda, e ainda assim unidos em absoluto uníssono ao som de cada nota, acompanhando com suas próprias vozes e explodindo em uma enorme roda punk ao som da dobradinha de “Testify” e “Take The Power Back”, coroada com uma magnífica “Guerilla Radio”. Tom Morello (guitarra), Tim Commerford (baixista e backing vocals) e Brad Wilk (baterista) parecem nunca ter abandonado a ferocidade com que atuavam no Rage Against The Machine e mostram a todos que a banda não sempre foi muito mais que apenas Zack de La Rocha.

Emendando “How I Could Just Kill a Man”, “Fight The Power”, “Hand On The Pump”, “Can’t Truss It” e outros clássicos do Cypress Hill e Public Enemy, foi a vez de Chuck D (Public Enemy) e B-Real (Cypress Hill) brilharem e lembrarem ao público que aquele não era apenas um espetáculo cover de RATM. Do começo ao fim, contaram com a companhia da plateia para entoar clássicos atemporais de uma geração dourada do hip hop.

De “Jump Around” para uma “Sleep Now In The Fire” com pequenos toques de “Cochise” (única e exclusiva referência ao Audioslave), a reta final da noite se iniciou sem mostrar sinais de cansaço. A sequência, que se estendeu pelas “Bullet In The Head”, “Party’s Over”, “Know Your Enemy” e a nova “Unfuck The World”, terminou com contagiantes e vigorosas interpretações the “Bulls On Parade” e “Killing In The Name”.

Uma boa palavra para resumir a noite? Explosiva. Do começo ao fim, dos artistas ao público, das canções às rodas punk ininterruptas. Absolutamente tudo transbordava uma energia positiva nem sempre presente em apresentações do tipo, fechadas de última hora e realizadas no meio da semana. É sintomático ver esse tipo de energia em um grupo que muitos veriam como uma reunião com o único objetivo de ganhar dinheiro. O que se vê na verdade são pessoas integradas e com muita afinidade, produzindo um trabalho que sem dúvida trará frutos inovadores. É aguardar pra ver.

Essa foi a primeira apresentação do grupo no Brasil, assim como a primeira das três que fará essa semana. Na sexta, o grupo toca com o Rise Against no Vivo Rio, enquanto no sábado integra o Line-Up do Maximus Festival que acontecerá no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.

Setlist:

1. Testify (RATM)
2. Take The Power Back (RATM)
3. Guerrilla Radio (RATM)
4. How I Could Just Kill a Man (Cypress Hill)
5. Bombtrack (RATM)
6. People of the Sun (RATM)
7. Fight The Power (Public Enemy)
8. Hand On The Pump (Cypress Hill)
9. Can’t Truss It (Public Enemy)
10. Insane In The Brain (Cypress Hill)
11. Bring The Noise (Public Enemy)
12. I Ain’t Going Out Like That (Cypress Hill)
13. Welcome To The Terrordome (Public Enemy)
14. Jump Around (House Of Pain – Cover)
15. Sleep Now In The Fire / Cochise (RATM / Audioslave)
16. Bullet In The Head (RATM)
17. Party’s Over (POR)
18. Know Your Enemy (RATM)
19. Unfuck The World (POR)
20. Seven Nation Army (White Stripes – Cover)
21. Bulls On Parade (RATM)
22. Killing In The Name (RATM)