Entre a preguiça pós ceia de Natal e a espera do Ano Novo sempre chega o post maroto dos melhores discos do ano. 2017 foi, sem dúvida, o ano em que a diversidade reinou – dentro e fora da música. A celebração (e luta) pela liberdade apresentou os mais diversos lugares, cores, culturas e sons aos nossos ouvidos. Entretanto, é preciso destacar que o hip hop fez um barulho monstruoso e suas vertentes roubaram a cena, ostentando álbuns extraordinários.

Galanga Livre – Rincon Sapiência
Rincon Sapiência, Manicongo, gênio, ou como queira chamar, não é um artista novo no cenário nacional, mas em 2017, o rapper trouxe a luz do grande público o, possível, álbum mais extraordinário do ano: Galanga Livre. Repleto de poesia e misturas sonoras, que vão do groove, rap, batuque e funk carioca, o disco mergulha letras fortes, reais e orgulhosas em um ritmo único, que marca não só o disco de estréia do já experiente artista como também uma nova era na cena do hip hop nacional.

 

DAMN – Kendrick Lamar
Parecia algo muito difícil superar a genialidade de To Pimp A Butterfly, mas Kendrick Lamar arrebentou o cenário da música mundial com o lançamento de DAMN. Não há muito o que dizer. Consolidado como um dos maiores nomes do rap, Kendrick é um astro e em sua órbita flutuam a autenticidade do hip hop somadas a experimentações e letras cravejadas de simplicidade e força.

 

Esú – Baco Exu do Blues
Tão bonito, que quase soa religioso, Esú é um disco celebração. Não só pela qualidade das batidas e letras, mas porque o álbum escancara para o cenário nacional que existe rap (do bom) fora do eixo Rio-São Paulo. Com a apresentação da síntese do amor baiano em “te amo disgraça” até as reflexõe se referências às entidades e deuses divinos e profanos, o disco é impecável em todos os sentidos.

 

4:44 – Jay-Z
É complicado encontrar algo no qual Jay-Z se envolva musicalmente e o resultado não seja absurdamente bom. 13º disco de sua carreira, 4:44 é, provavelmente, o trabalho mais emocional do rapper e uma pancada de som e letra. Entre as melhores músicas do álbum, a canção 4:44, classificada por Jay-Z como uma sessão de terapia, e The Story of O.J., um som incrível que ainda rendeu um clipe fantástico.

 

Pajubá – Linn da Quebrada
Pajubá é, provavelmente, um daqueles discos que será lembrado no futuro como um símbolo de arte e resistência. Um álbum de rap, estrelado por uma artista periférica, trans e negra é por si só um ato político. Entretanto, não é só o caráter revolucionário que faz deste um grande álbum, mas também as letras cheias de realidade somadas a batida talentosa de Linn.

 

Flower Boy  – Tyler, The Creator
Não poderia haver um título mais adequado para o novo álbum de Tyler, The Creator. Flower Boy é sobre amadurecer, florescer e brilhar – assim como na letra de Where This Flower Bloom, em parceria com Frank Ocean. Um disco cheio de colaborações ilustres, arranjos, sonoridades e poesia. A mistura proposta pelo rapper dá origem a uma fórmula musical até então inédita em sua carreira.

 

Eletrocardiograma – Flora Matos
Dançante, envolvente e viciante. Eletrocardiograma demorou, mas certamente marcará a trajetória de Flora Matos, não só por ser seu disco de estreia, mas também pela qualidade, rimas bem produzidas, batidas insinuantes e criatividade artística.

 

 

Cigarettes After Sex
Cigarettes After Sex, álbum do projeto homônimo, é um disco íntimo, fluído e relaxante. Tal qual um cigarro pós transa. Com letras em tom de confissão ao pé do ouvido e sonoridade distante, lenta e magnética as canções são um convite para uma profunda viagem particular. Um disco pra ouvir no repeat sem medo de enjoar.

 

Lá Vem A Morte – Boogarins
Com uma carreira sólida e respeitável dentro do cenário musical nacional, a banda goiana Boogarins ainda encontra tempo e espaço para surpresas e reúne num disco curto toda genialidade do grupo em uma sonoridade simples, cheia de criatividade e poesia artística.

 

 

I See You – The XX
Depois de alguns anos, o The XX parece ter reencontrado a fórmula sonora que o tornou conhecido em 2009, embora os álbuns posteriores tenham sido experimentações interessantes. I See You explora a sonoridade minimalista misturada a batidas eletrônicas em um som consistente. Diferente do primeiro disco de sucesso, mas familiar a uma das melhores identidades musicais dos últimos tempos.

 

Os melhores álbuns de 2017, por Ester Barreto do ZIMEL.