Não há dúvidas em afirmar: o passeio do L7 pelo Brasil certamente é uma das melhores coisas que aconteceram nesse louco 2018. O estrago que Donita Sparks, Suzi Gardner, Jennifer Finch e Dee Plakas fizeram no Circo Voador, para deleite do público carioca, entra fácil em qualquer lista de melhor show do ano (procura-se alguém que tenha anotado a placa até agora).

A expectativa era grande, afinal, seria possível chegar perto da aura do histórico show do Hollywood Rock, em 1993? Vale lembrar: grunge, riot grrrl e todo um contexto favorável ao que soasse alternativo eram o hype do momento. Bem, essa escriba era apenas uma moleca nessa época, mas graças as maravilhas da internet, consegue ter uma noção do quão viscerais e anárquicas soavam as moças do L7, especialmente ao vivo.

Corta para 2018: 25 anos depois, a mágica aconteceu. Pontualmente, a banda tomou seu lugar no palco e deu as boas-vindas com “Deathwish”, que abriu caminho para outros petardos vigorosos entoados a plenos pulmões, como “Andres”, “Everglade” e “Monster”, em sequência! O L7 não estava pra brincadeira e mostrou que voltou à ativa com tudo após longo hiato, em 2014.

Além do entrosamento no palco, o que também parece intocada é a irreverência da banda. A baixista, Jennifer Finch, perguntou se havia alguém que esteve no show de 93. Poucos confirmaram isso, no que ficou claro que a maioria dos presentes era pirralha ou mesmo nem havia nascido na época. Então, perguntou se os pais estiveram na lendária noite, já que muitos bebês vieram na esteira daquele show… Agora essa molecada se acabava, com direito a rodas de pogo.

Nem só de revival noventista foi feita a apresentação do quarteto. As meninas mostraram suas novas composições, “I came back to bitch” e “Dispatch from Mar-a-Lago” (esta uma crítica ao presidente dos EUA, Donald Trump), que dão o tom do que podemos esperar para o novo álbum, que sai em 2019. Felizmente, uma banda ainda conectada à verve cheia de energia e riffs potentes que são sua marca registrada.

Como era de se esperar, a arrasa quarteirão “Pretend we’re dead” ficou estrategicamente para o bis, levando o Circo Voador abaixo, com fôlego ainda para a furiosa “Fast and frightening”, que deixou todo mundo pilhado e com ânimo para mais. Verdade seja dita, o tempo passa até para o L7, mas para quem esteve no show, viu um palco ocupado apenas por garotas curtindo tirar um som. E é por isso que o rock vale a pena.

L7 no Rio de Janeiro
Circo Voador, 01 de dezembro de 2018.

Deathwish
Andres
Everglade
Monster
Scrap
Fuel My Fire
One More Thing
Off the Wagon
I Need
Slide
Crackpot Baby
Must Have More
Drama
I Came Back to Bitch
Shove
Freak Magnet
(Right On) Thru
Dispatch From Mar-a-Lago
Shitlist

Bis
American Society
Pretend We’re Dead
Fast and Frightening