O parisiense Roman Cacitti encontrou uma forma peculiar de desenvolver seu trabalho na música. Com looks de super-herói, o personagem “Steroman” expressa sua própria forma de ver o mundo – que nem sempre é tão bonita. No formato banda-de-um-só, Roman toca, canta e produz todas as canções do projeto.

A aparência jaspioniana / Super Sentai do personagem não é à toa. O artista passsou um bom tempo no Japão, estudando o idioma e artes marciais. Quando voltou à França, desenvolveu esse universo próprio onde Steroman poderia existir. Segundo sua definição, não se trata de uma pessoa, mas um conceito.

“Steroman está sempre no lugar certo, na hora certa, mas apenas seus sonhos são reais. Todos nós vestimos sua fantasia em momentos especiais, quando o mundo parece parar de girar, quando nos apaixonamos, quando ajudamos alguém idoso atravessar a rua, mas ninguém mais se importa. As suas canções falam desses momentos suspensos.”

Para além da música pura e simples, o artista tem um canal no YouTube, onde desenvolve a série “Sous le Casque de Steroman” (sob o capacete de Steroman). Através dessa  plataforma, discute sobre os bastidores da produção musical, explicando algumas noções sobre a indústria, instrumentação e seus gostos.

“Deixa seu Like e se Inscreve no canal!”

O primeiro trabalho de estúdio do projeto foi o álbum “Real Life Hero”, de 2018. Agora, Roman retorna o personagem na ácida e diferentona “Like and Subscribe”. Embora sua sonoridade tenha brilhantes influêcias disco e soul, sua letra é mais zombeteira. Como resultado, Steroman faz críticas sobre o mercado da música eletrônica sem perder o bom-humor.

Usando vocais que quase se perdem no instrumental, o cantor aponta o desdém da cena EDM pelos compositores, dizendo “a letra não importa” enquanto finge participar da cultura de megavisibilidade das redes sociais. O próprio título brinca com o “curte e se inscreve” dos YouTubers. Da forma mais zoeira possível, essa é uma faixa eletrônica que referencia a superficialidade das letras na música eletrônica – através de uma música eletrônica de letras superficiais. E a letra é mais um desabafo: como o próprio autor brinca, “Por que eu estou me estressando com isso?” “Não vou ficar rico mesmo”.