Raramente um disco monumental consegue alcançar a promessa de sucesso comercial. Mas a força, intensidade e encanto explosivo de DEFINE THE GREAT LINE são inegáveis. Seu álbum de 2004 teve mais de 350,000 cópias vendidas They’re Only Chasing Safety.

“Entramos no estúdio esperando fazer com que esse disco realmente valesse”, diz o guitarrista TIM MCTAGUE. “Queríamos que fosse inspirador para quem o escutasse. Sabíamos que tinha o potencial de sair bom, mas não queríamos basear nosso futuro nisso. E sentimos que criamos o melhor álbum de que faremos parte e estamos muito orgulhosos disso.”

Criado com a ajuda do produtor/ baterista de Atlanta Matt Goldman – que contribuiu com a base rítmica – e do guitarrista do Killswitch Engage Adam Dutkiewicz – que emprestou sua experiência para ajudar a captar as guitarras e vocais e encorajou esses veteranos da Warped Tour a usar E-bows e experimentar atrasos e pedais de efeitos – o resultante DEFINE THE GREAT LINE é um ciclo de canções arrebatadoras que zera a noção do que hardcore, screamo ou seja lá como queiram chamar isso, pode ser.

“Não queríamos uma abordagem normal, com apenas duas faixas de guitarra, faixas de bateria, faixas vocais ou o que seja”, explica MCTAGUE. “Realmente fizemos um esforço para expandir em nossas mentes o que o UNDEROATH poderia fazer.” O baterista AARON GILLESPIE acrescenta: “Não podíamos estar mais felizes. Quando revejo o tempo que empregamos nesse álbum, não acho que teríamos feito nada diferente.”

Se “A Moment Suspended In Time” é o mais direto e sincero acontecimento musical desde “One Armed Scissor”, de At The Drive-In – repleto com bateria explosiva e o inexplicavelmente prazeroso amálgama de desordem e melodia -, a profundidade e habilidade do sexteto da Flórida são sem dúvida sustentadas por uma vocação maior.

“Quero que as pessoas saibam que somos uma banda cristã”, diz o vocalista SPENCER CHAMBERLAIN sobre a devoção coletiva do UNDEROATH. “Mas ao mesmo tempo não gosto de propagar Deus ou o fato de que somos cristãos para vender mais discos. Não quero ser divulgado como uma banda cristã porque acho que vamos além disso. Rótulos podem ser limitantes.”

“Para nós, é o receio de um estereotipo”, explica GILLESPIE. “Tipo, ‘Você é cristão, então não pode ser meu amigo.’ Digo, Jesus estava almoçando com meretrizes e prostitutas! Ainda assim, nosso cristianismo define quem somos.”

E para o UNDEROATH – que também inclui o tecladista CHRIS DUDLEY, o baixista GRANT BRANDELL e o guitarrista JAMES SMITH – há um propósito na música, seja ela a catártica e introspectiva “You’re Ever So Inviting” ou a potente “In Regards To Myself”. Esta abre o álbum com convicção e comoção em iguais proporções, e traz o questionamento alarmante de Spencer, “De que você tem tanto medo?”, contraposto a uma impressionante harmonia.

“Com esse disco, falei de mim e de minha vida”, diz CHAMBERLAIN orgulhosamente. “Em They’re Only Chasing Safety, escrevi sobre cenários porque havia me unido à banda fazia pouco tempo e ainda estava me adaptando à situação. Desta vez, não havia limitações e escrevi sobre coisas que conheço e com que me importo. E como estou emocionalmente envolvido, dá uma sensação de acerto.” A profundamente pessoal “There Could Be Nothing After This”, uma explosão criativa e experimental de guitarras e busca interior, confirma esse sentimento.

“Nosso último disco era formado por umas dez músicas em um CD”, diz TIM. “E você podia escutar cada música individualmente para decidir do que gostava ou não. Mas essa foi a primeira vez que compusemos um disco. No passado eram apenas as dez (ou em torno disso) músicas que criávamos na garagem e gravámos e eventualmente alguns garotos compravam aquilo. Dessa vez sabíamos que não queríamos ruminar nada. Precisava ser coeso.”

Se o que estava em jogo era muito alto depois do grupo ter se tornado a banda de maior vendas da Solid State, os integrantes do UNDEROATH mantiveram seu foco e evitaram os estresses que têm sabotado tantos segundos discos. “A pressão só está ali se você compra aquilo”, diz AARON. “Desde que fôssemos em direção ao que queríamos e tornássemos o trabalho ímpar, era só o que importava.”

Ou como diz TIM: “Não precisamos produzir dez singles para um álbum. Não somos Fall Out Boy. Aquelas bandas são ótimas pelo que são, mas de forma alguma são algo a que aspiramos.”

“Queríamos provocar uma reflexão tanto em matéria de letras quanto musicalmente”, prossegue MCTAGUE. “Não queríamos que fosse um disco que você coloca e que te prende instantaneamente porque esses discos caem. Refrãos contagiantes parecem legais por uma semana, mas então – quando você está cansado daquilo, percebe que não há conteúdo. Pode jogar o disco fora. Preferimos ser uma banda como Refused, At The Drive-In ou Glassjaw, que você escuta e gosta mas não pega aquilo imediatamente. Porém continua escutando e todas as partes entram em foco.”

Quanto a esclarecimentos em relação ao título do disco, SPENCER diz:, “Gosto de como ele é abrangente. DEFINE THE GREAT LINE pode ser interpretado de formas tão diferentes. Quando iniciamos em nossas diversas bandas éramos um bando de garotos de 18 anos. Nos últimos dois anos vi que nos transformamos no tipo de homem que seremos. Sinto isso assim. É a forma como Deus quis que eu fosse. É apenas uma linha imaginária em que pretendo me equilibrar para ser a melhor pessoa que posso ser. Já cometi muitos erros e às vezes sou apenas uma garoto idiota e pode ser que leve minha vida inteira para ser a pessoa a que aspiro ser, mas esse é o meu objetivo: Ser o melhor tipo de cara que posso ser.”

E se é esse espírito que distingue o impulso feroz e metálico do UNDEROATH (veja “Returning Empty Handed”) de seus colegas, talvez MCTAGUE explique melhor quando fala das verdadeiras recompensas em estar em uma das maiores bandas definidoras de gênero de hoje. “Para mim, os garotos que conhecemos em shows que vêm até nós e dizem: ‘Eu ia me matar e então ouvi essa sua música que mudou a minha vida espiritualmente.’ Ou até mesmo o que disse, ‘Não tinha a quem recorrer quando meus pais se divorciaram, mas seu álbum me ajudou a passar por aquilo’. É disso que se trata para mim. É o que nos faz mais que apenas uma droga de banda de rock.”

Mensagem recebida. DEFINE THE GREAT LINE é de fato um dos momentos musicais cruciais de 2006.