O dia não era tão ensolarado em São Paulo, mas o dia estava propício à diversão pois era dia de Weedstock Festival, que vem crescendo a cada edição na Cidade da Garoa. Com curadoria detalhada e muito bem pensada, esse ano as estrelas do festival eram os cariocas do Planet Hemp. O espaço escolhido foi o Urban Stage, que traz um novo conceito de Open Air aos eventos da cidade. Interessante, arejado e com suporte em todos os detalhes (banheiros, comida, bar, etc.) não foi difícil o público se sentir acomodado.

Os paulistas do Costa Gold abriram o dia com rimas interessante e batidas agressivas. Com alguma estrada nas costas, o grupo que tem conquistas notórias na área fez uma boa abertura de festival. Destaque para as músicas Quem Tava Lá? Que foi gravada com participação do incrível carioca Mc Marechal e as pesadas 155 e TheCypherDeffect, sendo seguidos pela carismática Flora Matos e sua mistura de música pop, MPB e rap muito interessante e fácil de ser digerida. Destaque para as músicas Pretin e Esperar o Sol.

As duas próximas bandas prezavam mais pelo Rock: Instinto e La Raza. Enquanto a Instinto mesmo com músicas próprias interessantes prezava muito por covers em seu setlist, a La Raza trazia um som bem calcado nos santistas do Charlie Brown Jr., porém com pegada própria e um vigor interessantíssimo. Rimas bem colocadas, bases interessantes e inserções de turntables corretas trazem características interessantes ao som da banda.

Na parte final do festival, o Raimundo entra no palco com o palco ganho, pois são anos de estrada nas costas e muitos sucessos. Digão comanda bem o quarteto que abre os trabalhos com Puteiro em João Pessoa e a partir daí só clássicos como Nega Jurema e suas rodas incríveis, Mulher de Fases, Palhas do Coqueiro, o cover agradável de Vinte e Poucos Anos e até músicas novas e já bem aceitas pelo público como Gordelícia. O show da banda passa muito rápido, pois a banda é muito comunicativa e o setlist é quase todo composto por hits, sendo assim, uma hora parece pouco.

Mas logo Black Alien chega para suprir essa carência deixada pelos brasilienses. Gustavo de Almeida Ribeiro, nascido em São Gonçalo chega ao palco mostrando suas rimas fortes e criadas no coração da cidade do Rio de Janeiro. Mister Niterói começa o ataque sonoro, que passa pelas ótimas América 21 e Como Eu te Quero. O rapper não canta a famosa Babylon By Gus com banda, apenas A Capella e arranca gritos da galera. Outro ponto importante nas músicas de Black Alien é que os acompanhamentos são feitos por uma banda, deixando tudo mais orgânico e agradável.

Respeitando veementemente o horário, o Planet Hemp chega na área. Os maconheiros mais famosos do Brasil mostram muita garra nas apresentações depois que voltaram à ativa e dessa vez não foi diferente. Marcelo D2 e B Negão estavam em um dia inspirado nos mics e Nobru, Pedrinho e Formigão sendo incríveis nos instrumentos, como sempre. O show passeia pela carreira gloriosa da banda e destila músicas incríveis como Legalize Já!, Ex-Quadrilha da Fumaça e Raprockandrollpsicodeliahardcoreragga. Para integrar o coro político atual, a banda ainda integra o cover agressivo dos paulistanos do Ratos de Porão chamado Crise Geral e cria rodas nervosas no Urban Stage.
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O cover incrível de Samba Makossa abre o ato final do show, que se encerra com A Culpa é de Quem? E um dos clássicos inabaláveis do rock nacional Mantenha o Respeito. A noite termina pouco depois de meia-noite, mas SP é selva e a noite é uma criança. O Weedstock vem criando um ambiente de respeito e diversidade no circuito paulistano e isso é imprescindível para que a música vença. Ficamos na esperança de maiores vôos do festival.

Weedstock
03 de setembro de 2016
Urban Stage, São Paulo