Por Mariah Brandt.
A cantora assina composição e produção musical da música, “Sol de Setembro” é o segundo clipe de seu projeto que consiste lançamento de três obras audiovisuais até o fim do ano
Elisa Maia apresentou videoclipe da inédita Sol de Setembro no último dia 24, disponível no canal do YouTube da cantora, o público também pode conferir o som na plataforma digital Spotify.
O clipe é o segundo de uma série de lançamentos previstos até o fim do ano, todos eles apontam para uma arte local feita de maneira remota, cumprindo recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) em decorrência da pandemia.
Consciente do papel social da arte na Amazônia, a cantora fala de um dos aspectos característicos da nossa região: o calor. Na adaptação para a linguagem do audiovisual, a música ganha um videoclipe filmado e produzido dentro do distanciamento social.
O projeto dá sequência a sua série de lançamentos previstos para esse ano, as cenas misturam nuances do cotidiano de quarentena, altos e baixos, bastidores de uma live e um relacionamento poliamoroso virtual.
Os acordes de guitarra anunciam uma canção que remonta ao início da carreira de Elisa, com fortes referências ao reggae. A letra em transbordar em águas, sobre corpos que não matam sedes e uma solidão típica de quem acorda e prefere não olhar o sol ao acordar.
Voltando ao começo
Frederico Paulus e Gabriel Pinto da Luz, respectivamente contra baixista e baterista da banda Johnny Jack Mesclado, incorporam um groove hipnótico e poderoso ao projeto que também traz camadas de teclados, backing vocals, modulação na tonalidade, reverbs e delays. Rafael Senegal, do consagrado Leões de Israel, também soma ao time, nos teclados.
Clássicos como ‘Survival’, do Bob Marley e ‘I Don’t Want: The Gold Fire Sessions’, da americana Santigold, são algumas das inspirações.
Calor no Norte
Elisa Maia fala de sobre corpos e mentes adoecidas e que ao mesmo tempo se percebe do Norte, acordando a tempo para perceber a luz que tem o sol de Setembro.
“Acho importante ressaltar que essa canção é, acima de tudo, sobre passar por momentos de extrema dor em um contexto muitas vezes solar, onde não é possível parar, mesmo que tudo que se queira é não levantar da cama. E isso também fala muito sobre o que é ser uma mulher negra. Mas, ao mesmo tempo, ao viver e refletir sobre tudo isso, sentir que é possível se tornar cada vez mais agente da própria afetividade e encontrar toda água necessária para transbordar dentro de si mesma”, destaca.
De um lado, a letra é responsável por mostrar as desconcertantes constatações nada positivas contidas na composição. De outro, a melodia chega como um alento marcado aos tons de reggae. Esse é o clima ardido e que, de fato, causa uma falsa sensação de leveza ao falar de temas que expõem tanta vulnerabilidade.
“Botei o corpo pra jogo e isso também foi uma questão porque eu estou num momento muito bem resolvida com meu corpo mas me retratar assim pra que outras pessoas me vejam foi um processo, dez dias de filmagem e auto análise”,completa Elisa.
Produção em casa
O clipe é gravado de maneira responsável e consciente do tempo em que vive, Elisa realizou reuniões de roteiro e direção artística remotamente, se filmou em seu quarto, quintal e mais uma vez, pelo segundo mês consecutivo, atrela sua história na música trabalhando um audiovisual que conversa com sua história, com a casa que foi construída pelos seus pais e projetada por ela.
“Achei que eu ia passar três dias me filmando, passei dez dias, foi mais difícil do que eu imaginei. No primeiro momento eu achei que fosse ser um diário de quarentena, mas tinha um roteiro e coisas específicas pra filmar, basicamente é tudo dentro do meu quarto mesmo, no banheiro e tem uma cena externa que eu fiz na parede no quintal da minha casa”, narra a cantora que buscou retratar não somente o sentimento de se ter o sol batendo na janela do próprio quarto mas também o encontro com água dentro dessa intimidade.
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