É chegado o último dia de um fim de semana intenso de Lollapalooza 2022. O festival começou na sexta com um show eletrizante do The Strokes que culminou na trágica notícia da morte de Tawlor Hawkings, baterista do Foo Fighters, na mesma noite. Desde então, o festival teve diversas homenagens não só a histórica banda, como também ao baterista, que tocava com a banda há mais de duas décadas.

Por volta de 13h30, o festival foi pausado, como no primeiro dia, por aviso de chuva e raios na região. Com os palcos suspensos, uma parte do público aproveitou para curtir outras atrações como as ativações de marca e uma parcela preferiu esperar da grama. Por volta de 15h, os shows retornaram, infelizmente Rashid teve seu show cancelado pela segunda vez no festival devido a problemas meteorológicos, mas a Fresno logou tratou de subir no palco, mesmo tendo seu tempo levemente reduzido.

Fresno se apresenta no Lollapalooza 2022

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Um sol tímido se apresentando entre as nuvens e o palco Ônix montado em uma espécie de anfiteatro natural deram um tom apoteótico ao show do grupo gaúcho, que aproveitou o tempo também para reafirmar as palavras de ordem que deram o tom do dia: “Fora, Bolsonaro”. De manhã, o TSE pediu ao Lollapalooza que vetasse manifestações eleitorais no festival, após solicitação do PL, partido no qual o presidente está filiado.

Músicas como a ótima “Natureza Caos” e “Manifesto” caíram muito bem com a retomada do dia. Muitas surpresas tomaram conta do set, como a estreia ao vivo das músicas “Vou Ter Que Me Virar”, “FUDEU!!!” e “Casa Assombrada” e a participação no fim de Lulu Santos, cantando “Já Faz Tanto Tempo” (que também foi outra estreia ao vivo do dia e que ele canta no álbum) e uma versão muito bem encaixada de “Toda Forma de Amor”.

Enquanto Marina Sena entregava um show poderoso no palco Adidas, o Idles despejava seu caos sonoro no Budweiser. Mostrando que o rock está muito bem servido de bandas novas e não precisa se apegar ao passado.

Idles se apresenta no Lollapalooza 2022

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Não é um som, muito menos um show fácil. A banda britânica-irlandesa mistura muito experimentalismo, barulhos e gritos nada afinados no seu rock sujo e grave. O visual é caótico, a presença é desconfortável e as músicas não seguem fórmulas comerciais de estrutura. O maximalismo da arte do Idles pode ser visto em “Love Song”, que o guitarrista berra no microfone, ao som de bateria e baixo, trechos de “Nothing Compares 2 U” (Sinead O’Connor), “Let’s Make Love and Listen to Death from Above” (Cansei de Ser Sexy), “Wonderwall” (Oasis) e “All I Want 4 Christmas is U” (Mariah Carey), simplesmente incrível.

O show ainda outros petardos como “Car Crash”, “Never Fight a Man With a Perm”, “Divide and Conquer”. Joe Talbot, vocalista do grupo, visivelmente emocionado, carregava de forma apaixonada a apresentação. O grupo encerra com uma música, segundos os próprios “de cunho antifascista”. O som “Rottweiller” devastou o público e o Idles fez uma das apresentações mais enérgicas do Lollapalooza.

Idles se apresenta no Lollapalooza 2022

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Black Pumas e Djonga entregaram shows de forte cunho político. O segundo, prata da casa, fez uma apresentação bombástica. Ligando uma música na outra, sem tempo pra respirar, metralhou rimas e pouco mais de uma hora de apresentação. Djonga passeou em seu setlist por todas as nuances musicais de sua carreira, desde as rimas afiadas e bases pesadas de “Hat Trick” e “Nós” como momentos mais emotivos e introspectivos como “Leal” e “Bença”.

Mas foi em “Olho de Tigre” que o Lollapalooza pegou fogo. Com um discurso inflamado do rapper (“Esse grito – “fogo nos racistas” – é o grito da nossa geração”) com a noite já dominando conta do evento, foi a hora de se abrirem rodas flamejantes e o festival arder em chamas. Djonga entrega um show impactante em todos os sentidos, e com certeza o com mais insultos a Bolsonaro do festival. E a galera queria mais.

Djonga se apresenta no Lollapalooza 2022

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Martin Garrix entrega um show extremamente iluminado e também inflamado. Mas no caso a inflamação veio dos fogos, que foram soltos em profusão do seu palco. O DJ monta um set bastante conciso e com muitos hits como “Animals”, “In the Name of Love” e “Won’t Let You Go”, mas como os anuncios do encerramento de Planet Hemp + Emicida e convidados no palco principal e no meio de um dia bem focado no rock, o holandês não conseguiu segurar o público por muito tempo.

No palco principal, Emicida entra com Rael, Mano Brown, Rael e destila um começo matador de rap. Mano Brown manda a ótima “Da Ponte pra Lá” do Racionais e em seguida, entra o Planet Hemp, fazendo seu show completo e sendo uma ótima adição a noite.

As homenagens a Taylor Hawings atravessaram basicamente todas as apresentações do festival, mas foi nesse show que foram mais intensas. Apesar de ser um ótimo show, o Planet só estava ali pela tragédia ocorrida e fizeram questão de deixar isso muito claro.

Começando com uma versão de “Samba Makossa”, o grupo carioca presta tributo também a Chico Science, um outro herói que nos deixou tão cedo quanto. Falando nisso, a apresentação do Planet teve algumas versões, como “Crise Geral” do Ratos de Porão e “Cadê o Isqueiro?” de Mr. Catra antes de “Quem tem Seda?”. Uma feita para a outra.

Após o show do Planet Hemp, uma surpresa: a banda paulista Ego Kill Talent sobe ao palco para a homenagem definitiva: toca “Everlong”, ultima música tocada pelo baterista, levando à comoção geral. Era o momento que o festival estava esperando e o grupo entregou o que precisava. Um jeito bonito e digno de encerrar o Lollapalooza 2022.

Kehlani se apresenta no Lollapalooza 2022

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No palco Adidas, Kehlani fazia um show intimista com seu RnB com pitadas de trap e pop para um público intimista e apaixonado. Entre os destaques, as ótimas “Can I”, “Hate the Club”, “Little Story” e “Toxic”. Sua apresentação ainda teve duas musas brazucas: Iza cantando “Dona de Mim” e Ludmilla cantando “Verdinha” e claro, gritando, fora Bolsonaro.

Com tanto “Fora, Bolsonaro” no festival, nós, como um veículo de imprensa independente, nos sentimos no direito de defender a liberdade de expressão e nos juntarmos ao coro: FORA BOLSONARO.

Até ano que vem!