Filho de pai cipriota e mãe inglesa, George Michael, nascido Georgios Kyriacos Panayiotou, morreu neste domingo, aos 53 anos, em sua casa, em Oxfordshire, no Sudeste da Inglaterra. A informação foi confirmada em comunicado de seu agente. A causa da morte, segundo o “TMZ”, foi um ataque cardíaco e o músico teria morrido dormindo. Em 2011, ele esteve entre a vida e a morte após cancelar sua turnê mundial e ser internado em Viena com pneumonia. Em 2014, foi atendido por duas ambulâncias em casa depois que um amigo acionou os serviços de emergência por motivo não revelado.
“É com grande tristeza que informo que nosso amado filho, irmão e amigo George morreu pacificamente em sua casa durante o Natal”, disse o comunicado.
Uma das principais estrelas do pop mundial, tendo vendido cerca de 100 milhões de discos ao longo da carreira, o inglês George Michael estourou na música nos anos 1980 graças a hits superdançantes como “Wake me up before You go-go”, que lançou quando fazia parte do duo Wham!. Com a banda, ele gravou também “Club Tropicana”, “Last Christmas” e a romântica “Careless whisper”. Em 1987, após três discos ao lado do Wham!, partiu em carreira solo com o disco “Faith”, que vendeu 20 milhões de cópias, ganhou o Grammy de álbum do ano e continha sucessos como “I want your sex” e “Father figure”.
Seu segundo disco solo, “Listen without prejudice vol. 1” (1990), teve arranjos, produção e composições do próprio Michael, que optou por não aparecer na capa para se afastar da imagem de símbolo sexual que o marcava até então. Entre as canções estavam sucessos como “Freedom! ‘90”, cujo clipe trazia as supermodelos Cindy Crawford, Naomi Campbell e Linda Evangelista. Outros hits eram “Cowboys and angels”, “Mother’s pride” e “Praying for time”. O disco levou o cantor ao tribunal, numa disputa contra a Sony. Michael discordava do modo como o álbum havia sido comercializado pela gravadora, mas perdeu a causa.
Ele lançaria mais quatro álbuns solo — o último foi “Symphonica”, em 2014, após dez anos de hiato. Em quase quatro décadas de carreira, Michael acumulou, além de grandes sucessos, inúmeras polêmicas e passagens por delegacias. Em 2010, ficou quatro meses preso na Inglaterra depois de dirigir sob efeito de drogas e bater seu carro em uma loja. Antes, em 2006, durante uma entrevista para um programa na TV inglesa, acendeu e fumou um cigarro de maconha na frente das câmeras. Ainda nos anos 90, em 1998, foi preso e condenado a serviços comunitários por atendado ao pudor ao tentar fazer sexo em um banheiro masculino com um policial à paisana, em Los Angeles. Com o escândalo, o astro se viu obrigado a assumir a homossexualidade e revelou que a canção “Jesus to a child” (1996) fora escrita como tributo ao estilista brasileiro Anselmo Feleppa, seu companheiro, que morreu em decorrência da Aids, em 1995.
Michael e Feleppa se conheceram em 1991, quando o cantor esteve no Rock in Rio II, no Maracanã, na primeira e única oportunidade em que se apresentou para o público brasileiro. Os dois iniciaram uma relação amorosa e, pouco depois, Feleppa descobriu que era soropositivo. O inglês passou os quatro anos seguintes ajudando a cuidar do namorado, até sua morte. Segundo o cantor, foi a primeira vez em que ele teve uma relação amorosa com um homem. “Eu já transava por aí, mas tinha tão pouca experiência com homens que minha vida sexual era absurdamente inadequada para mim. Até conhecer Anselmo”, contou ao jornal inglês “The Independent”, em 2005. “É muito difícil sentir orgulho de sua sexualidade quando ela nunca lhe trouxe alegria, mas, quando você encontra uma pessoa que realmente ama… não é tão difícil assim”, continuou. “Anselmo rompeu minhas barreiras vitorianas e me mostrou como viver realmente, como curtir a vida”.
Anos mais tarde, em 2007, Michael pediu que uma entrevista em que discutia seus temores de ser portador do vírus HIV fosse retirada de um documentário a ser veiculado pela BBC por ser “pessoal demais para a família de Anselmo rememorar”, segundo seu porta-voz. Produtor do documentário (“Stephen Fry: HIV and me”), Ross Wilson, no entanto, afirmou na época: “George disse que não acredita em testes de HIV”. Ele disse que acha que a espera por resultados é (uma dor) excruciante e que não fazia teste desde pelo menos 2004 por temores de poder ser soropositivo”.
George Michael aparecerá num filme com estreia prevista, nos Estados Unidos, para maio de 2017. Ele é um dos astros incluídos no documentário “Sound it out: The untitled LGBTQIA music documentary”, do diretor americano Eric Aroxa. O tema do longa é a influência de artistas gays na cultura popular e na indústria do entretenimento. O elenco tem vários outros cantores, como Adam Lambert, Sam Smith e Halsey. Michael já foi atração de alguns documentários, como “George Michael at the Palais Garnier” (2014), “George Michael: A different story” (2005) e um episódio da série “Behind the music” (2004).
* com informações de Agência O Globo
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