“A música está em tudo”, disse a luthier Ilana Rosenbal no vídeo manifesto do Mita festival, que é estreante no circuito atual dos festivais de música. O próprio nome do festival traz essa ideia e harmoniza com a fala da Ilana, já que MITA é um acrônimo da frase em inglês “Music Is The Answer” (música é a resposta, em português) e ainda traz em seu bojo a essência da celebração de novas conexões através da música. E foi exatamente assim o 2º dia deste festival, lançando um line-up que mesclou atrações nacionais e internacionais.
Rachel Reis abriu o palco Deezer com sua “brasilidade”, misturando MPB, POP, e ginga baiana tropicalista. Logo em seguida, Alice Caymmi e Maria Luiza Jobim se apresentaram, encerrando esse primeiro momento do festival. A neta de Dorival Caymmi e a filha do Tom Jobim formaram uma dupla bonita e icônica, juntas apresentaram músicas como “Farol”, “Meu amor” e “Estação”. A dupla finalizou o show com o hino “Saudade da Bahia”, de Dorival Caymmi e Tom Jobim.
Ainda com um público tímido, Marcos Valle abriu o palco Corcovado com bossa nova, jazz, soul e um pouco de rock psicodélico. O compositor e cantor convidou a banda Azymuth e juntos trouxeram aos palcos uma grande narrativa da música brasileira, passando por faixas como “Estrelar”, “Freio Aerodinâmico” e o clássico “Mentira”.
E, com espaços curtos entre um show e outro, voltamos para o palco Deezer; dessa vez para ver a multiartista Letrux. O céu estava azul, sol raiando, o morro Dois Irmãos de frente, o Cristo Redentor de fundo: melhor cenário para ouvir a música como resposta não há. E foi nesse cenário que Letrux inspirou conexões musicais, líricas e ideológicas. Dentre as músicas que a carioca apresentou estavam “Me espera”, “Dorme com essa” e “Flerte revival”; nessa última, Letrux vestiu uma blusa vermelha com o número 13 estampado, além de usar um leque com as cores da bandeira LGBTQIA+. O público se conectou, gostou, dançou e fez coro.
Logo após a apresentação da carioca, foi a vez do multi-instrumentista Tom Misch continuar a festa no palco Corcovado. Tom presenteou o público com um setlist repleto de beats contagiantes e com um certo tom de nostalgia, como em “Losing My Way”, “I Wish”, e “What kinda music”. Além disso, o britânico homenageou o Rio com a música “So Good” (a song for Rio), que foi feita em parceria com o brasileiro Marcos Valle.
Um ponto alto a ser destacado no evento foi a presença da família tanto nos palcos quanto na composição do público. Por exemplo, os artistas Marcelo D2 e Gilberto Gil trouxeram a família para compor o espetáculo no último dia do festival. O ex-vocalista do Planet Hemp cantou junto com a esposa Luiza Peixoto e o filho Stephan e contaram com um público empolgado, que conhecia a maioria das músicas e cantava em coro. Já Gilberto Gil se apresentou com os filhos Bem Gil e José Gil e os netos João Gil e Flor. Gilberto Gil é um dos fundadores do Movimento Tropicalista e, recentemente, tomou posse na Academia Brasileira de Letras. Como já era esperado, o artista emocionou o público do início ao fim.
O festival MITA foi encerrado por Jão e Rüfus do Sol; Jão no palco Deezer e Rüfus du Sol no palco corcovado. O cantor Jão entregou um show performático com uma cenografia impecável, que trazia um polvo gigante ocupando o palco. O público ficou fascinado com as faixas “ Ainda Te Amo”, “Me Beija Com Raiva” e “O Tempo Não Pára” (de Cazuza). E a última atração da noite, Rüfus Du Sol, imprimiu um clima de festa e drinks. O trio australiano agitou a galera durante todo o show com seu estilo eletrônico alternativo.
De fato, a primeira edição do festival impulsionou a conexão, diversão e refúgio através da música. Como bem disse Gilberto Gil em sua apresentação, a música “vai além das palavras”. Das artes todas, a música é a mais sutil”.
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