Eu torço pra seja por consciência e não somente por modismo que a grande mídia do sudeste finalmente tenha notado os encantos da Amazônia. Ingenuidades a parte, o fato é que somente no ano passado tivemos Anitta e Alesso gravando “Is That For Me” em Manaus, que também ganhou um espaço próprio na estrutura do Rock in Rio enquanto no palco principal, Gisele Bundchen e Ivete Sangalo levantaram a bandeira da preservação da maior floresta tropical do mundo num discurso emocionante. Além desses episódios, o Norte também esteve em novelas como “Força do Querer”, a minissérie “Dois Irmãos” e com isso recebemos artistas como Juliana Paes, Cauã Reymond, Isis Valverde, entre outros.

Observado isto e a quantidade de cool kids que cantam “Nosso Grande Rio Amazonas” quando toca a canção “Piranha” nas festas alternativas do país, se fez necessário criar um projeto que nos conectasse efetivamente com o resto do país. Sendo a arte é a melhor forma de comunicar culturas, no último domingo (25) foi lançado o Filomedusa Festival, ele leva o nome de um sapo endêmico da região amazônica e foi idealizado pela artista, bióloga e produtora cultural Anne Jezini.

O evento é gratuito e a cada edição um artista diferente do Brasil divide com artistas locais o palco do Teatro Amazonas, uma obra arquitetônica imponente cravada no Centro de Manaus onde os barões da borracha assistiam apresentações musicais e teatrais no século XIX. Por lá já passou o pop internacional das Spice Girls e o alternativíssimos White Stripes, por exemplo.

PRIMEIRA EDIÇÃO

No Norte, existe uma rivalidade entre o Amazonas e o Pará, assim como existe entre o carioca e o paulista. Na música isso fica de lado para abrir espaço para as contribuições, o primeiro artista convidado para o palco do Teatro Amazonas foi a Natália Matos, a cantora paraens lançou no último semestre seu álbum “Não Sei Fazer Canção de Amor”. Com a lotação máxima, Natália mostrou que sabe sim fazer as tais canções de amor, o público balançava os ombros no ritmo dos sintetizadores e batidas constantes que encontraram perfeitamente os refrões envolventes de Natália, que foi aplaudida de pé ao final de sua breve apresentação.

A segunda apresentação ficou por conta de Victor Xamã, figura icônica no rolê do rap manauara. Presenciamos nesse momento não somente a estreia de um rapper de contexto totalmente urbano pela primeira vez no palco do Teatro Amazonas, mas também a primeira marola de baseado se espalhando pela plateia. Ao som de “Eu Chorei nas Margens do Rio Negro”, Victor foi recebido com muitos gritos e aplausos num ato de libertação de um público que não esperava tão cedo ouvir as rimas de Xamã naquele cenário.

Finalizando a noite, a idealizadora do projeto, Anne Jezini subiu ao palco mesclando dança e música marcando o início de uma nova fase no cenário autoral da música amazonense. Ritmos latinos, coreografias intensas e uma performance marcante encerraram a estreia do Filomedusa Festival. Ao final, Anne dividiu o palco com a paraense Natália, que conheceu através da internet e atualmente firma uma amizade que constrói grandes legados como a noite do dia 25 de janeiro. (foto delas)

Se nas últimas gerações o Boi Bumbá com o nosso saudoso Carrapicho foi o expoente principal da nossa cultura, os novos artistas locais não estão mais preocupados em afirmar uma identidade presa ao estereótipo da floresta e passando a imagem de um povo e um local primitivo.

A 7ª maior economia do país é uma metrópole que produz a maior parte dos eletroeletrônicos do país em uma Zona Franca, mas a cidade também não quer se orgulhar do título de Cidade Industrial com mão de obra barata dentro da Amazônia. Manaus também é urbana e só vai conseguir proteger suas comunidades tradicionais, seus milhares de quilômetros de floresta e rio se o restante do mundo souber que somos uma grande aldeia mais preparada do que se imagina.

filme sobre a história do lutador amazonense José Aldo, teve também a Isis Valverde interpretando um personagem que só queria ser sereia e também gravando em Manaus e em Belém. Quem não é noveleiro, descobriu nos últimos anos nomes como Dona Onete, Jaloo e deve descobrir em breve no Lolapalooza o Luneta Má

DATA, LOCAL, CIDADE, ESTADO.

 

Crédito da foto: Uatumã Rocha como informado ou Leonilson Gomes conforme fileinfo da imagem?