O Festival Polifonia aconteceu na última sexta-feira, na Fundição Progresso, em uma edição especial que prometia celebrar o Emo. O dia 6 de junho de 2025 marcou a concretização de um sonho esperado por quase 20 anos: ver Mae, Emery e Anberlin ao vivo em solo carioca. Desde o anúncio do line-up, fãs que cresceram ouvindo essas bandas marcantes da cena Emo sabiam que estavam prestes a viver um daqueles momentos raros em que passado e presente se colidem no volume máximo. E foi exatamente isso que aconteceu.

Banda Mae / © Lucas Tavares/Zimel
O festival começou com Mae, acrônimo para “Multisensory Aesthetic Experience“, o que diz muito sobre o tipo de som que a banda entrega: uma experiência sonora reflexiva, quase filosófica, com camadas de guitarras cintilantes e etéreas. A banda estadunidense apresentou na íntegra “The Everglow”, álbum super conceitual lançado em 2005 e considerado a obra-prima da banda por muitos fãs.
“The Everglow” funciona como um livro ilustrado sonoro, onde cada faixa é um capítulo em que somos convidados a experienciar uma jornada de forma íntima. Todas as faixas foram aclamadas durante a apresentação. Desde o início com “Prologue“, faixa que introduz o universo do disco, até o suspiro final com “Epilogue“, que encerra a experiência; e que experiência!!! Mas, é claro, que as lágrimas escaparam sem pedir licença durante as músicas “Suspension” e “The Everglow”.

Emery © Lucas Tavares/Zimel
Após a apresentação de Mae, Emery assumiu o palco. Ah, o Emery! Nossa banda queridinha de screamo. Emery está em turnê comemorativa de 20 anos do álbum “The Question”, um dos mais marcantes do pós-hardcore e que permanece potente e pulsante até hoje. Ver Emery também era um sonho, daqueles que a gente guarda no peito com carinho e grita junto quando finalmente acontece. E a gente gritou e cantou em uníssono, especialmente nas faixas “Studying Politics” e “The Party Song”. Mas, sem dúvidas, o momento de catarse coletiva e de rodinha punk foi durante a faixa “The Wall”: simplesmente hipnotizante. A alegria de todos os integrantes em estar ali com o público também era nítida. Toby Morrell inclusive agradeceu com sinceridade, declarou que estava muito feliz em estar no Brasil com um público tão receptivo.

Anberlin © Lucas Tavares/Zimel
O festival seguiu com a icônica Anberlin, mas sem o Stephen Christian nos vocais. Quem assumiu o microfone foi Matty Mullins, vocalista da banda Memphis May Fire. A sintonia entre a banda e Matty foi total. Matty sempre foi super fã de Anberlin e nessa apresentação trouxe uma presença de palco marcante com uma entrega vocal poderosa. Anberlin apresentou hits consagrados como “Never Take Friendship Personal” e “Paperthin Hymn”. Fecharam a apresentação com “Godspeed”, em uma explosão de luzes e braços erguidos.
E para encerrar essa noite de celebração do emo, nada mais justo do que a presença da banda nacional Fresno — que se consagrou como um dos maiores nomes do gênero por aqui. Em um momento de pausa entre as músicas, Lucas Silveira compartilhou lembranças do início da trajetória da banda, relembrando um dos primeiros shows no Rio de Janeiro, realizado em 2003, no Sesc Niterói.

Fresno © Lucas Tavares/Zimel
O setlist estava recheado de hits, mas o auge foi com a música “Stonehenge”, que faz parte do disco de estreia “Quarto dos Livros”. Eu estava presente no Sesc em 2003 e foi bonito ver a banda, hoje em fase mais madura, reconhecendo o quanto a cena emo moldou não só um cenário musical, mas uma geração inteira que sentia demais. Afinal, o Emo não foi apenas uma estética: foi uma forma de existir. E, nessa noite, ficou claro que ainda é.
Seis de junho de 2025: dia de realização de sonhos com aquele tom profundamente nostálgico, não como quem quer voltar no tempo, mas como quem agradece por ter vivido isso tudo.
Festival EMO VIVE (Polifonia)
Fundição Progresso
Rio de Janeiro, Brasil
06 de junho de 2025
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