Emo hits again. Em um sábado bonito no Rio de Janeiro, a Fresno (isso mesmo, é um charme o grupo colocar propositalmente o artigo feminino algumas vezes), retornou à Fundição Progresso para divulgar o ótimo “Sua Alegria Foi Cancelada”. O nome tristinho e de certa forma apelativo não serve para limitar a obra, que é uma das melhores do ano no cenário nacional, de um trabalho artístico e estético de primeira linha.
O show tinha ares de flashmob. A identidade visual do novo registro é toda trabalhada em preto e um verde-amarelo neon, e assim estavam os fãs da banda. Pelo menos, em cada pessoa, havia um acessório nesse tom para contrastar com a vibe dark da noite. E assim também subiu o vocalista Lucas Silveira ao palco, mas ao invés de acessórios, o moço ostentava uma cabeleira amarela incandescente e vestes que pareciam ter saído da banda de Black Metal Bathuska.
Um show que começa com uma música chamada “O Arrocha mais Triste do Mundo” tem muitas possibilidades de ser incrível, e é exatamente isso que a Fresno entrega. Com uma cenografia quase inexistente e se apoiando em um ótimo trabalho de iluminação, o quinteto gaúcho mostra desenvoltura e maturidade ao passear com propriedade pela sua já consistente discografia.
Ao longo das dezenove músicas do setlist, a Fresno destilou clássicos como “Quebre as Correntes” e “Cada Poça Dessa Rua tem um Pouco de Minhas Lágrimas”, mas também músicas mais ousadas e com roupagens belíssimas em suas versões presenciais, como “Poeira Estelar” e toda a sua vibe Ivan Lins, “Eu sou a Maré Viva” com uma atmosfera explícita de Arena Rock e “Porto Alegre”, que foi cantada em uníssono pela Fundição Progresso.
Do último álbum, foram tocadas oito das dez músicas, com exceção de “Eu Não Sei Lidar” e “Convicção”. O registro guardou bons momentos para a noite, como “Sua Alegria Foi Cancelada” (com participação de Jade Baraldo e uma aura experimental um pouco mais ousada do que o que é apresentado no álbum), “Quando eu Caí”, que encerra o show com uma dose a mais de efeitos nos timbres (tudo de um bom gosto surpreendente) e a ótima “Cada Acidente”, com sua vibe perfeita para dançar com a parede. Essa música também teve participação do trio curitibano Tuyo.
Tuyo que inclusive abriu os trabalhos com o seu show correto. O grupo faz uma mistura de trip hop com ritmos brasileiros e muito carisma. Músicas como “Brincadeira Mais Engraçada do Universo”, “Terminal” e “Conselho do Bom Senso” animaram o público que ainda era tímido mas animado, pois era justamente formado por seguidores do trio.
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