Não é apenas o prazer de se apresentar para o público que aproveita o horário do almoço no Centro para matar a fome de boa música. O show que o bandolinista — e nome dos mais consagrados do instrumental brasileiro — Hamilton de Holanda faz hoje, às 12h30m, com entrada franca, no projeto MPB na ABL tem para ele um sabor todo especial.

— Em 2001, quando ganhei o prêmio Icatu Hartford de Artes, que me permitiu viajar para a França (e iniciar a carreira internacional), foi na Academia Brasileira de Letras que aconteceu a cerimônia de entrega. É uma emoção voltar lá agora, pela primeira vez deste o prêmio — conta o músico de 41 anos, que em seguida, amanhã, retorna aos palcos, no Circo Voador, para a 100ª edição do seu Baile do Almeidinha.

Na ABL, Hamilton faz o show “Bandolins”, em que se apresenta sozinho, apenas com o seu instrumento modificado (com 10 cordas, ao invés das oito de costume). É a oportunidade de conferir sem distrações toda a habilidade e sensibilidade deste músico que, a partir do choro e do samba, reescreveu a cartilha do bandolim.

— É um daqueles shows em que eu nem sei o que vou fazer. Devo mandar uma energia para o Luiz Melodia reinterpretando “Pérola negra”. Tocar com o Melodia foi uma experiência maravilhosa, ele tinha uma divisão muito boa e aquele timbre todo — recorda. — Também acho que vou mostrar umas inéditas minhas, já que não paro de compor. Ainda vou intercalar alguns números de Bach e Pixinguinha e incluir algumas do Milton Nascimento, que gravei no meu último disco (“Casa de Bituca”, lançado em maio).

Mas Hamilton de Holanda não é só um músico dos solos, como vem demonstrando no Baile do Almeidinha, que começou despretensiosamente no Circo em agosto de 2012. A edição de número 100, em que serão comemorados os cinco anos ininterruptos de existência do Baile, será uma homenagem a Jorginho do Pandeiro, mito do choro, falecido no mês passado, que integrou o grupo Época de Ouro. Celsinho do Pandeiro (filho de Jorginho), Marcos Suzano e Bernardo Aguiar reforçam o time percussivo de Hamilton e banda, em noite que terá participação como cantor do ator Alexandre Nero.
— A gente não esperava que o público e a classe artística fossem abraçar o Baile da forma como abraçaram. Hoje, os músicos me pedem para participar dele — festeja o bandolinista, que já lançou um CD do Baile e o levou, do Circo Voador, para palcos da Europa. — Tudo foi consequência, porque a ideia era apenas ter um lugar onde as pessoas pudessem se encontrar. O instrumental acabou atraindo um público jovem, que estava a fim de dançar. Ainda temos energia para mais cinco, dez anos de Baile do Almeidinha.

MPB na ABL
Onde: Teatro R. Magalhães Jr. — Av. Presidente Wilson, 203, Castelo (3974-2500). Quando: Quarta, às 12h30m. Quanto: Grátis. Classificação: Livre.