No carnaval do Rio, triunfaram o samba, o discurso e a emoção da Estação Primeira de Mangueira. A verde e rosa conquistou seu vigésimo campeonato num desfile sobre os heróis esquecidos da História do Brasil. A apresentação marcou ainda com uma homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada em 14 de março do ano passado.
Foi o segundo campeonato do carnavalesco Leandro Vieira na agremiação, depois da vitória de 2016, com uma homenagem a Maria Bethânia. Este ano, no entanto, as dificuldades tinham sido grandes no barracão, por conta da crise nas escolas de samba. Em vez de materiais caros, Leandro recorreu, então, ao que ele chamou de “luxo da cor” para brilhar na Avenida. Nesta quarta-feira, ele chegou à apuração, na Praça da Apoteose, aos gritos de “viva Leandro”.
– A Mangueira merece essa festa. Faz carnaval, representa uma comunidade importante. Um carnaval de representatividade. Esses homens e essas mulheres aqui são os heróis do meu enredo que merecem sempre ser exaltados – disse Leandro nas comemorações do campeonato.
Já a rainha de bateria da Verde e Rosa, Evelyn Bastos, disse que a vitória com críticas políticas tão contundentes vai incomodar muitos “preconceituosos”. Para ela, o título teve um sabor ainda mais especial por exaltar os verdadeiros heróis do povo, mas renegados pela História:
– A gente sabe que essa vitória vai incomodar muita gente. E não por causa da verde e rosa. Mas incomoda aos preconceituosos, racistas. Exaltamos os verdadeiros desbravadores do país , a verdadeira História foi contada. Os reis e rainhas exaltados trouxeram essa vitória.
Ela se disse realizada em poder fazer, na Avenida, uma “crítica social tão importante”. No fim, ela afirmou que a vitória é de todo o país:
– A gente desceu da favela. A maior festa desse mundo é do preto, pobre, suburbano e favelado. Ninguém consegue fazer carnaval se não tiver esse poder correndo na veia. Essa vitória não é só nossa. É de você mulato, mestiço, negro. Essa vitória é nossa. Essa vitória é do país inteiro.
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