Antes de falarmos especificamente sobre o show do Ozzy Osbourne, que aconteceu no último Domingo, dia 13, acreditamos que é importante falar sobre dois assuntos, diretamente ligados ao acontecimento: o primeiro tem a ver com a proibição da entrada de fotógrafos no estádio do Allianz Parque; o segundo, com os preços abusivos praticados pelo espaço.
Vamos por partes: diversas mídias não conseguiram entrar com seus fotógrafos no evento. Isto aconteceu porque apenas Ross Halfin, fotógrafo oficial de uma série de bandas, como Aerosmith e Def Leppard, é autorizado a fotografar os shows de Ozzy Osbourne. Obviamente, não se trata de criticar a carreira de alguém que tanto colaborou para a divulgação do rock ‘n roll; o que nos incomoda é a proibição da captura de imagens por outros veículos de mídia. O resultado deste monopólio é que, ao divulgar determinados shows, contaremos sempre com as mesmas fotografias, tiradas pelas mesmas pessoas.
Com relação ao segundo ponto, basta que digamos o seguinte: para beber uma latinha de cerveja no show do Ozzy, era preciso desembolsar R$12,00. Um cachorro quente simples, por sua vez, custava R$18,00. Difícil sair de casa assim.
Parênteses feitos, passemos para o show em si. Ozzy Osbourne e sua banda, composta também pelos músicos Zakk Wylde (Guitarra), Blasko (Baixo), Tommy Clufetos (Bateria) e Adam Wakeman (Teclados), subiram ao palco exatamente às 21h30. Ozzy, vestindo um belo casaco de lantejoulas, trazia no corpo algumas das marcas que o fizeram famoso: cabelo desajustado, unhas pintadas de preto, uma boa quantidade de lápis de olho e, claro, uma satisfação que era visível à distância.
Não é difícil imaginar o motivo disso: o frontman, depois de décadas de carreira, foi recebido com gritos de “Olê, olê, olê, Ozzy, Ozzy”, inúmeras palmas e urros guturais. Embora os ingressos tenham demorado um pouco para sair, a plateia do Allianz era grande, consistente e apaixonada.
A abertura se deu com a música “Bark at the Moon”, que serviu para aquecer as vozes do recinto. “Mr. Crowley”, no entanto, foi a responsável por incendiar a multidão. O show seguiu e, durante a execução de “No more tears”, Ozzy pediu para que os fãs gritassem mais, pois ele “não conseguia ouvi-los”. O carisma do Madman foi responsável por mais uma sucessão de uivos e palmas – os quais se repetiram, como num ritual, durante todo o espetáculo.
Durante “War Pigs”, clássico do Black Sabbath, Zakk Wylde e Clufetos executaram longos, porém eletrizantes solos. Neste momento, Wylde foi ao encontro da plateia e permitiu-se ser filmado por alguns celulares bastante de perto. Simpático e consciente de suas habilidades, tocou com as pontas dos dedos, com a boca, com as mãos abertas e fechadas. Ozzy ficou sumido por uns dez ou quinze minutos, mas retornou do backstage com muita energia.
Um pouco tolo dizer, mas necessário: a juventude de Ozzy impressiona. Seus ombros estão levemente curvados pela idade, mas a sua voz ressoa muito bem. Suas caras e bocas, bem como seus olhos arregalados, dão um caráter quase performático ao seu desempenho. É um tipo de artista raro; um desses que, anos depois de sua estreia, continua a fazer escola. Quisera que todos os músicos dedicassem tanto de si ao que fazem.
O show “terminou” com “Crazy Train”. Ozzy, encantado, repetiu – sempre com o seu jeito despojado e cheio de palavrões – o quanto a plateia brasileira era fantástica algumas vezes e fez inúmeras reverências. O príncipe das trevas, percebemos, consegue admitir que a sua majestade só é possível porque há uma multidão de devotos.
Ao retornar para o bis, a banda tocou a emocionante “Mama I’m coming home” e, logo depois, encerrou com “Paranoid”. Nos agradecimentos, Ozzy era só sorrisos. Difícil saber, ao final de aproximadamente uma hora de show, qual de nós saiu mais contente e realizado do estádio.
SETLIST
Bark at The Moon
Mr. Crowley
I don’t know
Fairies wear boots
Suicide Solution
No more tears
Road to nowhere
War Pigs (Guitar & Drum Solo)
Flying high again
Shot in the dark
I don’t want to change the world
Crazy train
Bis
Mama I’m coming home
Paranoid
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