Em mais uma edição de gala, o Queremos! Festival abre suas portas em um palco de luxo: Marina da Glória, no Rio de Janeiro. Em uma disposição muito semelhante ao MITA Festival (que você pode ler a nossa cobertura aqui), o evento contou com dois palcos com o melhor da música brasileira, unindo o antigo e o novo em uma seleção de artistas pra ninguém botar defeito.
Tuyo, Drik Barbosa, Majur e Luedji Luna (ostentando sua linda barriguinha de grávida) abriram os trabalhos e os caminhos em uma tarde linda no Rio de Janeiro, que teimava em não deixar as nuvens persistentes tomarem conta do céu da Guanabara. Luedji e sua ótima “Banho de Folhas” formavam o cenário perfeito de uma crepúsculo que guardava uma noite histórica.
Toda de branco, Céu adentra o palco do festival. Destilando hits de sua carreira como “CorpoContinente” (que conta com um clipe incrível que você pode ver aqui), “Perfume do Invisível” e “Varanda Suspensa”, sobrou tempo até para um cover maroto de “Naturalmente”, do Revelação. Marina Sena veio na sequência, e seu carisma é inigualável. Contando os causos de Taiobeiras (MG) sua terra natal entre uma música e outra, seus hits “Por Supuesto” e “Voltei pra Mim” não puderam ficar de fora.
Kamasi Washington, saxofonista, produtor e compositor musical americano trouxe um show mais obtuso ao Queremos! Depois de sua última vinda ao Brasil em 2019 (que você pode ler a nossa cobertura aqui), o público parecia mais afeito ao som intricado e altamente virtuoso. Clássicos como “Fists of Fury” e “Street Fighter Mas” animaram a galera e prepararam o terreno para o Griô Gilberto Gil.
Gil evoca ancestralidade e reverência no palco. Sem economizar seus clássicos como “A Novidade”, “Vamos Fugir” e “Esperando Janela”, ainda sobrou tempo de sobra para cantar músicas soberanas de artistas consagrados do solo brasileiro, como a dobradinha” Respeita Januário” e “Xote das Meninas” de Luiz Gonzaga e “Eu só Quero um Xodó” de Dominguinhos. A novidade do show foram músicas escolhidas previamente pelo público para Gilberto Gil executar no palco, e as selecionadas foram “Esotérico” e “Refazenda”.
Se de um lado se venerava a grandeza da tradição, um novo bastião pedia licença do outro lado: Emicida faz um show revigorante e apaixonado. Abrindo mão de sua veia musical mais agressiva na maior parte da apresentação, Leandro destila belas canções como “Quem tem um Amigo (Tem Tudo), “Pequenas Alegrias da Vida Adulta” e “Baiana”. Músicas mais densas como “Ismália” e a ótima “Boa Esperança” também tem seu espaço, mas tudo termina de forma brilhante, como seu último ato “Principia” e seu final emocionante.
Outro novo artista brasileiro que vem mostrando diversas facetas foi o próximo a subir no palco: Baco Exu do Blues. Trazendo seu ótimo “Quantas Vezes Você Já foi Amado”, o rapper faz uma apresentação carregada e tocando suas músicas em rotações abaixo do normal. Focando o set nos dois últimos álbuns, petardos como “Me Desculpa Jay Z”, “Girassóis de Van Gogh” e “Autoestima” emocionaram e mostraram toda a capacidade do baiano como letrista e criador de atmosferas riquíssimas, ao mesmo tempo extremamente desoladoras. Mas engana-se quem acha que o show foi só tristeza. Porradas como “Abre Caminho” e “Inimigos” fizeram a cabeça e abriram rodas pesadas.
Fechando a noite, o ótimo show de BK’, FBC & VHOOR e ÀTTØØXXA carregaram um Queremos! Festival que já não se mostrava entupido de gente, mas com os presentes mostrando animação até o fim. Com presenças de peso do começo ao fim, o festival se firma como um dos mais relevantes do circuito e reverencia os ídolos do passados, sem deixar de abrir as portas para o novo.
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