2016 está acabando – ainda bem – e pra ajudar na passagem desse ano, que foi dos mais complicados e que levou nomes como David Bowie, Prince, Glenn Frey, Leornard Cohen e George Michael, preparamos uma lista de álbuns incríveis pra você lembrar que nem só de tragédias viveu o ano.

 

David Bowie – Blackstar ?

Lançado em 8 de janeiro, que seria o aniversário de 69 anos – e dois dias após sua morte, o 25º álbum do inesquecível Bowie não abre essa (ou qualquer outra lista) como homenagem póstuma. Considerado como um presente de despedida para os fãs, Blackstar brindou a partida do camaleão do rock como tinha que ser: enérgico e repleto de experimentações, circulando pelas fortes influências do jazz, detalhes eletrônicos e composições dilacerantes, como “Lazarus“.

 

Liniker e os Caramelows – “Remonta”

Uma das maiores revelações musicais dos últimos anos e expoente da música negra brasileira, Liniker e o Caramelows ousaram ao lançar seu álbum de estreia via financiamento coletivo – que ultrapassou a meta diga-se de passagem. Livre das amarras fonográficas, a voz de Liniker explorou todo potencial de sua poesia, rasgando corações e ouvidos entre o pop, bolero, soul, jazz e groove.

 

Eric Clapton – I Still Do

Era 1967 quando um dos muros de Londres foi pichado com a frase “Clapton is God”. Quase 50 anos depois, Clapton não deixou de ser deus e lançou seu 23º disco, intitulado “I Still Do”. Diferente, mas ainda influenciado, de sua última produção – “The Breeze: An Appreciation of JJ Cale” em homenagem ao músico e amigo JJ Cale – o novo trabalho traz de volta a figura de Eric Clapton mais próxima de sua essência, como mestre do blues e demonstra, como o próprio título revela, que o guitarrista continua produzindo. O resultado da mistura entre a suavidade do blues, covers e duas músicas inéditas não poderia ser melhor, uma fórmula impecável, com todas as doses de interpretação na medida certa. Clapton não abusa da emoção, muito menos da maestria com a guitarra, cada nota e sentimento em seu lugar, como um puro e clássico blues deve ser.

 

Céu – Tropix

Minimalismo, delicadeza e um leve balanço. Tropix é marcado por uma série de experiências sonoras, caminhando entre sintetizadores, batidas setentistas, nuances eletrônicas e um instrumental preciso. Produzido em parceria com Pupillo, baterista do Nação Zumbi, apresenta 10 composições de Céu e e duas colaborações de Jorge Du Peixe (A Nave Vai) e banda Fellini (Chico Buarque Song).

 

 

Leonard Cohen – You Want It Darker

Mais uma perda dolorosa de 2016, o canadense Leonard Cohen lançou seu décimo quarto álbum como uma despedida serena da música, e da vida. Repleto de temas espirituais e religiosos, a sonoridade intimista de You Want It Darker flerta com o blues spiritual e soma-se a violinos, vozes em coro, instrumentais orquestrados a interpretação soberana do lendário Cohen. Um adeus sensível, num tom melancólico, mas manso e paciente.

 

Iggy Pop – Post Pop Depression

Iggy Pop não sai se não for pra humilhar né? Mas quando a gente acha que as possibilidades estão esgotadas, a criatura se une a Josh Homme e lança essa obra prima chamada Post Pop Depression. Uma combinação alucinada do bom e velho rock’n roll, experimentações vocais, letras reflexivas e reinvenção artística.

 

 

Criolo – “Ainda Há Tempo”

Produzido por Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral em parceria com o próprio Criolo, a nova versão de Ainda Há Tempo, lançado originalmente em 2006, não é apenas um relançamento, mas também uma releitura de histórias, sons e experimentações. Como poucos, Criolo se reinventa a cada rima, transforma-se e transforma seu público com batidas certeiras, influências ancestrais e apelo pop contemporâneo.

 

Radiohead – A Moon Shaped Pool

O Radiohead limpou suas redes sociais antes do lançamento do seu 9º álbum de estúdio. Mais do que uma ação de mídia, o mistério sobre o novo trabalho já anunciava que algo novo estava por vir, e veio. Não exatamente algo novo, aliás, mas um resgate profundo de uma das bandas mais incríveis dos últimos tempos – e da atualidade. Claramente influenciado pela separação de Thom Yorke e Rachel Owen (que também faleceu na última semana), A Moon Shaped Pool é denso, cheio de ruídos e sintetizadores somados a arranjos delicados, traços psicodélicos e composições existencialistas. Um presente para os fãs.

 

Sabotage – “Sabotage”

Treze anos após a morte de um dos maiores expoentes do rap nacional, a música de Sabotage retorna a vida em um disco tributo, que busca dar continuidade ao som do artista e apresentar os caminhos sonoros que seriam percorridos por ele se não tivesse tido sua trajetória interrompida precocemente. Produzido por amigos e parceiros, o álbum traz colaborações diversas de parceiros musicais, descreve parte da rotina do rapper e transporta as rimas entre o passado e presente.

 

The Last Shadow Puppets – Everything You’ve Come to Expect

Oito anos depois do primeiro disco, Alex Turner e Miles Kane voltam e – mais uma vez – acertam a fórmula. Mais maduro que o primeiro álbum, Everything You’ve Come to Expect traz arranjos elaborados e uma sonoridade diversificada que transita entre o melancólico e o intenso, em uma espécie de história. O ar de continuidades, aliás, complementa a primeira produção do duo inglês e provoca os fãs acerca do próximo trabalho, último disco da trilogia já citada pelos músicos anteriormente.

 

Mano Brown – “Boogie Naipe”

Primeiro álbum da carreira solo de Mano Brown, Boogie Naipe é surpreendente, e quente! Uma mistura de funk, groove cadentes e letras conceitualmente românticas. Voluntariamente ou não, o eterno vocalista do Racionais explora as nuances da música negra brasileira e do soul americano, provando que a música transcende os padrões e pode traduzir todas as faces e fases da vida de um bom artista.

 

Charles Bradley – Changes

Aos 68 anos, Charles Bradley lança seu terceiro álbum, Changes, e a única pergunta que ecoa nos ouvidos paralela a sua música é “Onde diabos esse som estava?”. A resposta simples seria: nas cozinhas dos Estados Unidos, mas a espiritual certamente seria: nos anos 70, nas batidas do soul, na alma do gospel blues. Mas como o tempo passa feito um furacão, coloque as lamentações de lado e mergulhe na cadência da sonoridade sulista, nas composições dolorosas, coros afinados, elementos orquestrais dançantes e muita alma.