Após o baque da trágica morte de Taylor Hawkings, baterista do Foo Fighters, ter sido anunciada entre a primeira e a segunda noite, o temor era que uma energia pesada se instalasse pelas cercanias do festival. Felizmente, artistas e público não deixaram a peteca cair e o Lollapalooza deu um show de como seguir em frente sem desrespeitar o momento, com homenagens cabidas e justas.
Divulgação
Terno Rei abriu os trabalhos no palco Budweiser. Entre os destaques, a estreia das músicas “Esperando você”, “Brutal” e “Difícil” ao vivo e a ótima “São Paulo”, que caiu muito bem ao clima do festival e ao discurso de retorno emocionado Ale Sater, baixista e vocalista principal do grupo à cidade de origem da banda. O rock dos paulistas, com pitadas de shoegaze, colou muito bem com a vibe do Lolla e muita gente acompanhou e cantou junto.
No palco Ônix, Clarice Falcão fez sua estreia no festival. A cantora destilou músicas de toda a sua carreira, aplicando uma roupagem Synthpop inerente ao seu último disco, “Tem Conserto”, que teve músicas como “Mal pra Saúde” e “Dia D” representando-o. Canções antigas como “Eu Esqueci Você”, “O Que Eu Bebi” e “Monomania” foram algumas das contempladas com arranjos novos e funcionaram muito bem, deixando para trás o Folk da gravação original.
O carisma da cantora, cheio de referências da internet, levou muito bem o público. “Vagabunda” foi um dos grandes destaques, com uma roupagem tecnobrega, fez o público cantar alto e o dueto “não-dueto” de “Eu Me Lembro” também animou. A gravação original contava com a participação de Silva, que não pode estar presente pois abria seu show no palco Budweiser.
O artista capixaba fez um show conciso e correto, com direito a versões de “Beija Eu” (Marisa Monte) e “Soy Loco Por Ti America” (Caetano Veloso). Ainda teve tempo para uma participação especial de Criolo na música “Soprou” e seus clássicos obrigatórios “Fica Tudo Bem”, “Sou Desse Jeito” e a ótima “A Cor é Rosa”.
Elevando um pouco os decibeis do Lollapalooza, a dobradinha do revival emo A Day to Remember + Alexisonfire mexeu com as estruturas. Enquanto o primeiro mescla um rock adolescente com pitadas agressivas de Metalcore, o segundo traz um status “cult” e se mostrou uma decisão acertada para o encerramento do palco Adidas.
As bandas acima também passaram pelo Rio de Janeiro na quarta-feira anterior e as apresentações se assemelharam muito. Rodas punk abertas, vocais melodiosos e muita bateção de cabeça foram mandantes.
Emicida faz um show grandioso no palco Budweiser fugindo de obviedades e trazendo diversos convidados especiais de peso. Abrindo com a matadora “Boa Esperança” e dividindo o show em atos, traz Rael, Drik Barbosa e Majur para cantar músicas fortes da sua carreira como “Levanta e Anda”, “Luz” e “AmarElo”.
Na última música, “Principia“, que conta com um sermão do Pastor Henrique Vieira, o mesmo se juntou presencialmente no palco para o fazer em carne e osso. Momento forte e de emoção, de palavras lindas e de muito carinho e amor deflagrados. Showzasso de um dos artistas mais interessantes da música brasileira atualmente.
Os três shows finais de cada palco carregaram um público gigantesco. Ponto para a produção! Enquanto Alok fazia o show, segundo o próprio, com mais lasers já feito até hoje, o Alexisonfire fazia cabeças soltarem de pescoços e Miley Cyrus entregava um show vigoroso, de artista grande.
Miley é uma rock star. Apesar de transitar por diversos estilos musicais em seus álbuns, a presença de palco e a voz da americana, com um timbre rouco e potente, é impressionante. O duo “WTF Do i Know” e “Plastic Hearts” demonstram toda a habilidade dela, bem como o cover extremamente interessante de “Heart of Glass”, da Blondie.
Em momento de extrema comoção, a cantora dedica “Angels Like You” para Taylor Hawkings. No último dia, o show do Foo Fighters será substituido por uma apresentação que reunirá Emicida, Planet Hemp e outros convidados.
Anitta não poderia ficar de fora do Lollapalooza e escolheu um ótimo momento para dar as caras. Tocando “Boys Don’t Cry” com a banda de Miley, as duas pintam e bordam em cima do palco, com direito a tapinha na bunda e tudo. O show ainda teve espaço para um pedido de casamento em cima do palco, de dois fãs que se conheceram em um show dela há sete anos atrás. O momento culminou na música “You”.
Em seu segundo dia, o Lollapalooza se recupera do baque de uma tragédia e entrega potência, emoção, postura e atitude. Mostrando que, se é um dos grandes festivais do mundo, não é a toa.
[…] […]