A noite era singular: o Shaman retornaria ao Rio de Janeiro após um gigantesco hiato e com a formação original. A banda paulista, que hoje tem quatro álbuns na carreira, gravou apenas os dois primeiros com André Matos (que antes, era vocalista do Angra) e, para fazer valer a pena uma reunião tão esperada, os dois álbuns gravados com o vocalista seriam tocados na íntegra. O público compareceu em peso ao HUB RJ, ótima casa de shows que está emergindo no Rio de Janeiro. A abertura com Rec/All animou os presentes para a atração principal.
Não saiam músicas aleatórias do PA enquanto a banda se preparava para subir ao palco. O que se sucedia eram músicas clássicas contemporâneas que davam todo o charme para um pré-show. Uma apresentação que é pensada para começar antes mesmo dos primeiros acordes de guitarra e mostra um cuidado especial do Shaman para montar a sua apresentação.
Começando com o álbum Reason (de 2005) após algumas imagens de bastidores da gravação do álbum e da carreira do grupo, o show começa à mil com “Turn Away” e “Reason”. A dupla de músicas “More” (cover do Sisters of Mercy) e “Innocence” e seu refrão sendo gritado pelo público foram as que mais animaram na primeira parte da apresentação. A emoção era geral e não era muito difícil ver marmanjos com seus trinta anos se debulhando em lágrimas tamanha a importância de ter uma das bandas mais expressivas do metal nacional do século em frente aos olhos, e ainda por cima passando a limpo um período importante de sua carreira. “Iron Soul”, “Trail of Tears” e “Born to Be” encerram o primeiro ato do show.
Na segunda metade, novamente cenas de gravação anunciam a execução do primeiro álbum, o clássico Ritual (2002), A intro “Ancient Winds” abre as portas para a incrível trinca “Here I Am”, “Distant Thunder” e “For Tomorrow”, que levou o HUB RJ à um estado de catarse e animação que poucas vezes são vistas ultimamente em shows de Metal. A voz de André Matos era pouco ouvida, graças à incrível entrega dos fãs, seja cantando, animando ou simplesmente batendo cabeça. Era um Ritual, de fato.
Em “Over Your Head”, alguns problemas no som fizeram com que o violino de Marcus Viana não surtisse o efeito esperado numa primeira tentativa, mas após uma pausa, na segunda tentativa o brilho cobriu a falha. Em perfeita sintonia, um momento especial no show abrilhantou ainda mais a noite. Viana seguiria até o final do show com a banda, que ainda tocou a incrível parte final do álbum (e do show também) que é composta nada mais, nada menos que por “Fairy Tale”, “Blind Spell”, “Ritual” e “Pride”, em um final apoteótico e com toda a pompa que a palavra resguarda.
Sob os gritos de “O Shaman Voltou!”, a banda deixa o palco para entrar na eternidade com um show de energia singular e rara. O proeminente grupo marcou muitos e muitas dessa geração da música pesada, e toda a emoção foi transformada em paixão e música naquela noite especial. Sem dúvidas uma noite que estará guardada no coração dos fãs da banda com carinho.
Shaman na HubRJ
02 de Dezembro de 2018, Rio de Janeiro
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