Bono e Larry Mullen, do U2, terão que indenizar um produtor brasileiro em R$ 5 milhões (o valor original é de R$ 1,5 milhão, mas deve ser corrigido pelo tempo do processo). O empresário catarinense Franco Bruni alega ter sido difamado pelos músicos em uma entrevista concedida ao GLOBO há 16 anos, após a turnê “PopMart”, que passou pelo país em 1998. Na época, os dois disseram que Bruni não havia pago a banda pelos shows.
— Descobrimos tarde demais que ele nunca havia produzido um show na vida — disse Larry Mullen à época. — Aliás, descobrimos várias coisas tarde demais. Ele não pagou muitos profissionais, inclusive nós. Fomos embora sem receber boa parte do cachê.
Bono completou, na mesma entrevista, publicada em novembro de 2000:
— Nós tomamos cuidado com todas as negociações que fazemos para não termos problemas. Isso nunca aconteceu antes. Foi embaraçoso. Não foi nossa culpa o show no Rio ter tido tantos problemas.
Dias depois da entrevista, os músicos se retrataram e admitiram ter recebido os cachês, mas disseram ter havido inadimplência no recolhimento de direitos autorais. Bruni comprovou que pagou o valor do contrato, de US$ 8 milhões, antecipadamente.
Bruni entrou com um processo contra os rockstars em 2003, e a ação pareceu que teria um desfecho em 2011, quando Mullen assumiu a culpa sozinho pelo incidente. Mas Bruni acabou saindo vitorioso no processo por danos morais e materiais perante a Justiça brasileira.
O GLOBO não foi afetado pela decisão do juiz. “Eles tão somente reproduziram o conteúdo repassado pelos integrantes da banda, sem tecer juízo de valor”, explicou o desembargador Joel Dias Figueira Júnior, relator do processo.
A vinda da turnê “PopMart” ao Brasil foi confusa desde as negociações, quando várias empresas entraram numa espécie de leilão para trazer a banda. Depois, quando Bruni já havia fechado com os irlandeses, foi anunciada a mudança de palco no Rio — do Maracanã para o Autódromo de Jacarepaguá. A banda reagiu mal. Paul McGuinness, seu empresário, enviou um comunicado à imprensa: “A banda sempre quis se apresentar no lendário estádio, e é isso o que iremos fazer”.
— Vai ter show de qualquer maneira, nem que seja na minha casa — disse Bruni, então.
O show aconteceu, mas parou o Rio a partir das 16h. Nem todas as cem mil pessoas conseguiram chegar a tempo de ver o espetáculo. Os caminhos de acesso foram bloqueados por milhares de carros, vans e ônibus. Muita gente levou mais de três horas no percurso. Dias depois, houve duas apresentações em São Paulo, no estádio do Morumbi.
com informações de Agência O Globo
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