Todo mundo: “Mmmbob/ Ba duba dop/ Ba du bop, ba duba dop…”. O refrão-onomatopeia de “Mmmbop” era uma espécie de “Despacito” em 1997: três meninos lourinhos tocando seus instrumentos (bem direitinho, aliás) e o planeta cantando junto. Isaac, Taylor e Zac Hanson (pela ordem de idade) eram uma daquelas famílias Von Trapp que a América profunda costuma produzir: orgulhosos filhos de Tulsa, Oklahoma, começaram a tocar e compor profissionalmente ainda na infância, estouraram com aquela pérola pop, seguraram a onda quando as vacas emagreceram e… no dia 24 de agosto voltam ao Km de Vantagens Hall, onde estiveram pela primeira vez em 2000.
– Aquela foi a nossa primeira turnê de verdade – lembra Taylor Hanson, o rosto mais conhecido dos três, responsável pela voz principal na maioria das músicas. – Éramos muito jovens, não é? Hoje em dia, ainda me assusto quando penso em quanto tempo temos de carreira.
De fato, dá para assustar: o Hanson vem ao Brasil com a turnê “Middle of everywhere” (uma brincadeira com “Middle of nowhere”, nome do disco de 1997, que por sua vez era uma ironia com o fato de eles virem de Oklahoma), que comemora os 25 anos de carreira do trio. Nada mais normal do que uma turnê pegando carona numa efeméride, só que Isaac, Taylor e Zac têm, respectivamente, apenas 36, 34 e 31 anos.
– Acho que qualquer pessoa que faz o que gosta por tanto tempo tem que comemorar – diz ele. – Mas conosco é realmente especial, né? Eu tinha nove anos quando começamos, e 14 quando o disco saiu. Meu filho mais velho, Jordan, tem 14 anos hoje, e eu vejo como é ter essa idade. Parece um pouco demais, passar uma parte tão grande da vida dedicado a uma atividade. Mas é como nós dizemos na música “I was born”: nós nascemos para fazer uma coisa específica, mesmo que não mude o mundo, estamos aí por uma razão.
Ele é o primeiro a admitir que o sucesso do fim dos anos 1990 nunca voltou, e que cabe ao grupo administrar sua carreira, independente desde 2001. Dois anos depois, os irmãos começaram a lançar discos por seu próprio selo, o 3CG Records.
Não que o Hanson lance novos trabalhos com grande frequência: o último disco dos rapazes, “Anthem”, foi lançado em 2013.
– Acho que o intervalo atual já é o nosso maior entre dois discos – diz Taylor. – Não fazemos questão de lançar novos trabalhos com tanta frequência, hoje, que administramos a nossa carreira. Nós estamos sempre em contato com os fãs, temos uma comunidade on-line enorme de milhares de pessoas. E temos um compromisso com ela: todo ano gravamos cinco músicas novas, que são distribuídas para os nossos fãs.
A turnê atual é mais um movimento dessa carreira administrada pelos músicos.
– Além do tempo que damos a nós mesmos para compor e pensar no conceito de um próximo disco, quando vimos que chegaria o aniversário de 25 anos do início da nossa carreira profissional, além dos 20 de “Middle of nowhere”, achamos que isso precisava ser comemorado – conta ele. – Nossa ideia era começar em junho e fazer uns 25 shows até o fim do verão. Mas a resposta foi muito boa, e agora já temos mais de 60 datas marcadas. Acabamos de voltar da Austrália e Nova Zelândia, agora temos um tempo para ficar em casa e em agosto partimos para a América Latina.
No palco, os três irmãos ganham o reforço de outros dois músicos:
– Temos essa formação com cinco pessoas há muitos anos – esclarece Taylor, que canta e toca guitarra e teclados, assim como Isaac, enquanto Zac se concentra na bateria. – Um baixista e um outro músico, que se reveza entre a guitarra e os teclados, tocam conosco.
Ele diz que o repertório é variável, e nem “Mmmbop” está garantida. No dia 29 de junho, em Milwakee, por exemplo, o trio tocou 21 canções, com direito ao clássico “Johnny B. Goode”, de Chuck Berry, e nada do velho hit.
– Tocamos “Mmmbop” na maioria dos shows – esclarece Taylor. – Temos muito orgulho dos nossos sucessos, jamais renegaríamos uma música como essa, que nos levou tão longe. Mas fazemos questão de mudar o repertório de um show para o outro, até porque temos fãs que viajam para nos ver, e vão a mais de uma apresentação. O show não pode ficar engessado. Quando começamos a turnê, temos pelo menos umas 60 músicas ensaiadas.
Segundo ele, a arte da composição é levada a sério pelos irmãos Hanson.
– Você nunca para de compor, né? – diz. – É mais ou menos como aceitar que você tem um vício, não tem como viver sem. Quando eu tinha sete anos, já ouvia uma canção e tentava entender a harmonia. Fazer música é como respirar.
Se a banda Hanson tem três irmãos, a descendência deles seria suficiente para formar quatro trios: aos cinco filhos de Taylor, somam-se quatro de Zac e três de Isaac. Será que vem aí uma nova geração de músicos na família?
– Meus filhos são muito musicais, mas não sabemos ainda se eles vão seguir esse caminho – diz o pai de Jordan, River, Viggo, Penelope e Wilhelmina. – Vamos deixar que eles escolham.
“Middle of everywhere”
Onde: Km de Vantagens Hall — Avenida Ayrton Senna, 3.000, Shopping Via Parque, Barra; premier.ticketsforfun.com.br. Quando: 24/8. Quanto: De R$ 125 a R$ 550. classificação: 12 anos.
Texto de: Bernardo Araujo
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