Apesar das inúmeras especulações acerca da sobrevida do rock, a impressão que fica após um show do Whitesnake é que se depender dos entusiastas, os solos de guitarra ecoarão por muito tempo. Afinal, os inúmeros subgêneros, as demandas de mercado ou as pretensões intelectuais cult acabaram por fazer o rock de riffs e uma certa atitude, quase ser identificado como algo confinado a um lugar específico no tempo – especialmente lá nos anos 80.
Mas, bastava ver a horda de fãs de hard rock e heavy metal que compareceu em peso ao Metropolitan, no Rio, para entender o alcance do legado deixado por David Coverdale e cia. Pouco depois das 20h, “My generation”, do The Who, ecoava na casa, indicando que seria o início da apresentação. Claro que não dá para deixar passar em branco a referência ao clássico do Who, quando se tem um público tão variado, em um verdadeiro encontro de gerações, daqueles que viram o Whitesnake no Rock in Rio em 1985, passando pelos que estariam experimentando seu primeiro show de rock na vida. A banda subiu ao palco com “Bad boys”, e foi recebida com uma bela performance do público, sedento por clássicos. Coverdale, por sua vez, já um senhor nem um pouco respeitável, mostrou uma performance carregada de energia sexual, fazendo do pedestal do microfone uma extensão da sua virilidade, bem no espírito do hard rock 80’s.
Apesar dos hits, não se pode negar que o show foi daqueles de cumprir agenda, considerando o fato dos setlists de todas as apresentações no país terem sido o mesmo. E há que se considerar que a passagem do tempo é implacável para a voz de Coverdale. Mas nada que tire o brilho de pérolas como “Love ain’t no stranger”, “The deeper the love” e “Fool for your loving”, que logo no início já deixaram a audiência rendida. Depois, em um quase mashup de “Ain’t no love in the heart of the city” com “Judgement day”, foi o momento dos demais membros da banda se destacarem, com performances solo dos guitarristas Reb Beach e Joel Hoekstra, também em uma estratégia para descansar o frontman.
Depois, a banda retornou com “Slow an’Easy”, seguida pelo solo do baixista Michael Devin, que preparou terreno para “Crying in the rain”. Mas sem dúvida, a performance solo do baterista Tommy Aldridge, foi a que deixou a audiência impressionada. A habilidade do instrumentista com as baquetas, e ainda sem as mesmas ao final do solo, quando tocou com as mãos, foi um espetáculo à parte, e deve ter agradado até aqueles que não têm paciência para essas exibições durante shows. Mas fica a sensação de que alguns solos poderiam ceder lugar a mais músicas.
Voltando à ação, o Whitesnake ainda mandaria o mega hit embala casal “Is this love”, seguido por “Give me all your love e “Here I go again”, trinca que faria até o mais ranzinza cantar a plenos pulmões. Na volta para o bis, “Still of the night” e a releitura de “Burn”, da época do Deep Purple, fecharam o show, provando que a “Greatest Hits Tour”, encerrou o passeio pelo Brasil cumprindo o que prometeu: um show na linha “mais do mesmo”, repleto de hits, mas que garantiu a satisfação dos presentes.
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