É muito bom ver os shows de volta! Os ritos que envolvem os ambulantes do lado de fora, o frio na barriga pré-show, rever pessoas conhecidas, abraços, sorrisos, carinhos….um evento musical não se resume só e tão somente a apresentação do dia. Remete a um clima caloroso e, nestes momentos de retorno, a um sentimento de renascimento. Renascimento esse que é traduzido nos artistas da noite: A Day to Remember e Alexisonfire .

Os artistas trouxeram para o RJ toda veia emo/pop-punk/post-hc e o que mais você queira como definição desta sonoridade. Estilos em ascensão no começo do século, tiveram seu apogeu e queda com o passar dos anos. A queda não significa que não temos mais representantes deles (inclusive brazucas) que sejam ótimos, mas sim que perderam espaço no mercado comercial da música. Dois desses representantes se encontraram nesta noite, no Vivo Rio.

Alexisonfire

Lucas Tavares / Zimel

Alexisonfire é uma banda alçada ao status “cult” no estilo. Formada em 2001, a banda teve seu fim anunciado em 2011, para ter seu retorno definido em 2015. Desde então, a banda não anunciou novos registros até semana passada, onde informou que lançará seu novo trabalho “Otherness”, o primeiro em treze anos. A faixa “Sweet Dreams of Otherness”, lançada juntamente com a notícia, teve seu espaço no setlist.

O qque não faltou, inclusive, foram relíquias e velharias. “Pulmonary Archery”, “Crisis” e “Accidents” foram três representantes de peso dos três primeiros álbuns do grupo, “Alexisonfire”, “Watch Out!” e “Crisis”, lançados em 2002, 2004 e 2006, respectivamente.

Alexisonfire

Lucas Tavares / Zimel

Era um show extremamente aguardado pelo público, que cantou tudo o que era possível junto com a banda. Músicas como “Boiled Frogs” e, fechando o show, “This Could Be Anywhere in the World” e “Young Cardinals”, foram destaques de uma plateia extremamente participativa e igualmente saudosista.

A Day Remember

Lucas Tavares/Zimel

O A Day To Remember segue uma outra linha musical. Menos introspectivo e mais explosivo, o som da galera da Florida é notadamente voltado a uma roupagem mais comercial e popular. Isso não quer dizer que não tenham momentos extremos, como em “2nd Sucks” e “Paranoia” que abriram rodas quentes na noite do Rio de Janeiro.

O contraste dessas músicas são baladas elétricas (como “Have Faith in Me” e “All Signs Points to Lauderdale”) ou nem tão elétricas assim, como “If it Means a Lot To You” levada quase toda no violão com uma vibe adolescente que, se ao mesmo tempo parece ingênua por demais, carrega uma representação e trabalhos melódicos dignos de nota.

A Day Remember

Lucas Tavares/Zimel

O show termina com sentimentos fortes da noite: música do primeiro álbum dos americanos, “The Plot to Bomb a Panhandle” reaviva o sentimento “emo”, de gêneros que, se não estão mais na crista comercial, sobrevivem maduros e fortes num circuito alternativo. Que sejamos capazes de atravessar por muitos outros renascimentos ainda.