A etapa carioca do Circuito Banco do Brasil tomou a Apoteose no último sábado (08/11), fechando a maratona de shows que desde outubro percorreu outras 3 capitais – Belo Horizonte, Brasília e São Paulo também estiveram no roteiro. A proposta itinerante do evento, que conta ainda com a diversidade do lineup em cada fase, sem dúvida é um ponto positivo para o festival.
A concorrência de peso do Enem esvaziou um pouco o festival no início. A pontualidade dos shows foi um aspecto bacana e para quem chegou cedo, foi a chance de conhecer a banda vencedora do concurso VOZPRATODOS, a Drenna. Com a responsabilidade de substituir em cima da hora o Vespas Mandarinas, que não pôde se apresentar por conflito de agenda, Drenna mostrou um rock competente, comprovando que existe vida na cena roqueira do Rio. Vale destacar a releitura de Eleanor Rigby, dos Beatles e o manifesto pela valorização das bandas novas, lembrando que os grandes nomes de hoje um dia foram desconhecidos também.
Já com o público presente aquecido e outra parte ainda chegando, Pitty iniciou os trabalhos colocando todos na mesma sintonia com Setevidas, do ótimo álbum homônimo lançado este ano, que apresenta um som mais soturno em relação aos discos anteriores. Mas o show de denso não teve nada, bastava ver a empolgação do público a cada música. Aos gritos de “diva” e “gostosa”, a roqueira fechou um setlist passeando pelos grandes hits, como Admirável Chip Novo, Teto de Vidro, Me Adora, Na Sua Estante e até mesmo Máscara, brindando o público com o que se espera em um festival, considerando o show mais curto e a diversidade do público, que quer ouvir os sucessos. E em se tratando de hits, já no show seguinte, Frejat não deixou por menos e aproveitando o público no clima, desfilou os seus da fase Barão Vermelho e de sua carreira solo. Por Você, Segredos, Puro êxtase, e Maior Abandonado fizeram o público cantar e dançar muito, assim como na releitura de Não Quero Dinheiro, do síndico Tim Maia.
A próxima banda a subir ao palco foi o MGMT, que apesar de fazer um som bem interessante, com uma pegada psicodélica e ares de modernidade, foi responsável por uma quebra na animação do público, que havia se esbaldado nos shows anteriores. Apesar da competência e das ótimas imagens que complementavam as músicas, ficou um clima de festa indie, que levantou o público em alguns momentos, especialmente em Time To Pretend e Kids. Foi o momento para descansar, tomar uma água e ir ao banheiro, pois o pessoal precisava desse relax para o que viria depois.
Pontualmente às 21h30, surge a guria de cabelo de fogo, que iria dominar a Apoteose pela próxima hora. O Paramore poderia até não ser o principal nome da noite, mas certamente fez o show mais empolgante, com chuva e tudo, o que se deve em boa parte ao carisma da frontwoman, Hayley Williams. Além de (gostar de) conversar com o público e se derreter em declarações de amor aos fãs cariocas, ela também faz questão de deixar claro que a banda não se resume a Hayley – momento que rendeu uma “bronca” aos câmeras que só focavam nela para alimentar as imagens dos telões, bradando para o público: “Vocês são o Paramore!”
Este que foi o último show da banda em 2014, após uma longa turnê que trabalhou o mais recente disco Paramore (2013), o setlist foi uma compilação do que os fãs queriam ouvir: começando por Still Into You, That’s What You Get e For A Pessimist, I’m Pretty Optimitisc, contando ainda com uma faixa do debut da banda, Pressure. Já na metade da apresentação, a balada The Only Exception, que como já diz o próprio nome, perdoem o trocadilho, seria a única, assim como explicou Hayley, embalou os casais iluminados pelas luzes dos celulares que tomaram o lugar dos isqueiros nesses momentos fofos. Mas sem dúvida, o ponto do alto do show estava por vir, na canção Misery Business, em que uma fã sortuda, a Thaís, foi escolhida para subir ao palco e mandar ver na música. A participação dela foi tão animada que teve direito a tombo, e a banda caindo junto em solidariedade, cantando no chão mesmo. Para encerrar, como se faltasse mais alguma coisa para deixar os fãs mais felizes do que já estavam, Ain’t it fun, maior hit do grupo. Não é a toa que Hayley ama festivais, como fez questão de dizer.
Fechando a noite, o headliner Kings of Leon, em sua quarta passagem pelo Brasil, nem lembra aquela banda que esteve pela primeira vez no país abrindo para o Strokes em 2005, quando se apresentou no saudoso Tim Festival. Dessa vez, a família Followill mostra que deixou para trás os momentos complicados e prova disso, foi começar contagiando o público com Supersoaker, do mais recente trabalho Mechanical bull (2013), que marca a fase equilibrada dos músicos. A banda não é das que mais interage com os fãs, mas quem se importa quando se tem na manga hits como Molly’s Chambers, Use Somebody, Closer e Radioactive? E já que o bom fica para o final, e até a chuva já havia dado uma trégua, o público não poderia ter recebido melhor Sex On Fire, para encerrar o festival de forma apoteótica, com direito a fogos de artifício. A edição 2014 do CBB já deixou saudades e certamente, consolida o evento no calendário dos grandes festivais que valem a pena conferir no Brasil.
Circuito Banco do Brasil
08 de novembro de 2014
Praça da Apoteose, Rio de Janeiro
Com: Paramore, Pitty, MGMT, Kings of Leon e Frejat.
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