Luan Santana voltou ao Rio de Janeiro no dia 1º de Dezembro para mais um show da turnê 1977, em apoio a seu mais recente disco de mesmo nome. Seu exército de “Luanzetes” aguardaram desde cedo na fila do lado de fora do KM de Vantagens Hall. Lá dentro, uma grande cortina cobre o palco enquanto o púbico espera pelo início da apresentação, que atrasaria quase uma hora. Na cortina, lê-se “Equality 1977 The Time is Now”.
O álbum 1977 não apenas segue a linha recente na história do sertanejo de aproximação com a música pop, como também faz referência ao ano em que a ONU instaurou o Dia Internacional da Mulher. Vemos referências também na estética do show: a cenografia imita o interior de uma fábrica antiga, um aceno ao incêndio na fábrica de Triangle Shirtwaist onde devido a péssimas condições de trabalho 146 pessoas morreram, sendo, em sua maioria, mulheres. E a militância acaba por aí, mas talvez a maioria das pessoas estejam lá apenas para curtir o espetáculo mesmo.
Após uma contagem regressiva ao som de uma música épica, Luan Santana surge em um vídeo nos telões agradecendo a presença do público. E logo de início, na primeira música, vemos que o show não economiza em pirotecnias, efeitos, iluminação e confete. É uma grande produção. A cenografia é esteticamente bonita e divertida, os backdrops de cada música no telão são interessantes e a banda está sempre no ponto. Dois backing vocals de chapéu e óculos escuros roubam a cena por vezes, coreografados e sorridentes. Além de tudo, há a presença de alguns fãs no próprio palco – uma adição interessante e que faz sentido na relação que Luan tem com seu público. Às vezes, Luan vai lá interagir com os privilegiados, num grande multitasking de tirar selfies e cantar ao mesmo tempo.
Interação não falta. Luan conversa com o público o tempo todo, conta histórias, agradece a presença, recebe presentes – durante o show inteiro – e tudo que tem direito, até uma pequena provocação em relação a música nova e comentários sobre a viagem de avião que rendeu um excelente título de matéria no G1. Em “Escreve aí”, segura o microfone pelo tripé para que o público cante. Mais próximo ao fim do show, enquanto agradece apoiadores e patrocinadores, também lê as plaquinhas que o público levanta com os nomes dos integrantes de seus fã-clubes. São muitos nomes, mas todos são lidas pelo cantor. O momento mais esperado certamente é quando, depois de um intervalo guiado pelos backing vocals com pequenas mudanças no cenário, Luan volta, faz um breve cover de duas canções da banda Queen lançadas em 1977, “We Will Rock You” e “We Are The Champions”, e sobe na plataforma móvel para cantar “Dia Lugar e Hora” flutuando sobre o público. Luan parece se divertir e estar completamente confortável na plataforma em meio ao público.
Musicalmente, o setlist – que variou bastante ao longo da turnê – mescla sucessos antigos e canções do novo álbum, além de “Acertou a Mão”, que ainda não está em nenhum disco. Esse show especificamente teve parte do set reduzida provavelmente por conta do atraso – algumas músicas que costumam figurar na apresentação ficaram de fora como, notoriamente, “Meteoro”. Mas, quase nove anos após o lançamento da mesma, Luan já possui um catálogo de hits suficiente para que a ausência desta seja relevada.
A produção é, enfim, empolgante do início ao fim, com todas essas canções do repertório de um dos artistas mais reproduzido em rádios no Brasil, cujos refrões você provavelmente sabe de cor mesmo sem saber por quê. Embora seja recheado de referências completamente aleatórias à década de 70 e tenha a estranha escolha de um local onde pessoas morreram como simples cenografia, o contato do artista com os fãs é muito bacana de assistir, os efeitos especiais, confetes e afins surgem nas horas certas e a música convida a cantar e dançar junto do início ao fim. Mesmo que tenha acontecido um “boom” de artistas sertanejos no mainstream nacional nos últimos anos, Luan Santana segue a caminho de completar sua primeira década de carreira como um dos artistas mais relevantes do gênero e um dos maiores nomes do mercado nacional no Brasil.
Luan Santana, 01 de dezembro de 2017
Km Hall de Vantagens, Rio de Janeiro
- Eu, Você, O Mar e Ela
- Acordando o prédio
- Chuva de Arroz
- Estaca Zero
- Te Esperando
- Eu Não Merecia Isso
- Mesmo Sem Estar
- Cê topa
- Fantasma
- Escreve Aí
- Amar Não é Pecado
- Intermissão:
- O Grave Bater (MC Kevinho)
- O. (Pabllo Vittar)
- Você partiu meu coração (Nego do Borel)
- Despacito (Luis Fonsi)
- We Will Rock You (Queen)
- We Are the Champions (Queen)
- Dia, lugar e hora
- Acertou a Mão
- E Essa Boca Aí?
- Sogrão Caprichou
- Tudo Que Você Quiser
Não há comentários enviados