Na última sexta, 15 de dezembro, o Deep Purple voltou aos palcos cariocas acompanhado pelos americanos da Tesla. Inicialmente prevista para contar com a participação do Lynyrd Skynyrd, a turnê Solid Rock passou por São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba com a adição do Cheap Trick ao line-up.
Inicialmente previsto para início às 19h30, a cada vez maior pontualidade das apresentações internacionais no país (o que não é de forma alguma um problema) levou grande parte do público a perder o show da Tesla e certamente uma boa parte do Cheap Trick. No trajeto, maior que a expectativa era a frustração do público com um evento desse porte marcado tão cedo numa sexta-feira. Esse mesmo cenário já havia sido observado em São Paulo, onde o evento se iniciou às 18h.
No que compete às apresentações, a noite não teve ressalvas. Mesmo a Tesla, que tocou para uma Jeunesse Arena praticamente vazia, fez o possível para entregar um momento de divertimento ao público carioca com uma presença marcante. Com um setlist enxuto, trouxe na bagagem clássicos como Modern Day Cowboy, Signs (da Five Man Electrical Club) e Little Suzi (Ph.D.).
A Cheap Trick, por sua vez, foi capaz de manter o ritmo com uma apresentação enérgica e extremamente empolgada. Com um som que navega do country ao blues e parando no hard rock, o grupo tem uma imensa presença de palco, dominando o espaço e envolvendo com sucesso um público como um todo desanimado. Em seu set, I Want You to Want Me e In The Street (canção-tema de That’s 70s Show) se destacaram por sua popularidade, enquanto You Got It Going On, Dream Police e Goodnight Now receberam de longe a melhor reação da plateia. Como um todo, talvez pela baixa popularidade da banda no país, ao longo do show se podia observar claramente pessoas muito específicas realmente empolgadas com o grupo, enquanto o restante da audiência aproveitava o som enquanto passava o tempo e aguardava a entrada do Deep Purple.
Em sua 12ª apresentação no país e sétima com a “MK VIII”, a mais recente e longeva formação da banda, o Deep Purple faz jus à sua posição como ídolo do rock. Mesmo sem grandes elementos além de telão de fundo de palco e iluminação, o grupo é excepcional em empolgar o público. As canções, praticamente todas clássicos absolutos, construíram uma sequência ágil, não dando ao público a chance de perceber o passar dos 100 minutos de show. O efeito do tempo, se é percebido positivamente no profissionalismo e na capacidade de segurar o público e manter o ritmo da apresentação, tem também seus efeitos negativos. A voz de Gillan, em seus já clássicos duetos com a guitarra, nem sempre consegue acompanhar as notas de Steve Morse, o “caçula” do grupo com 63 anos. Ainda mais surpreendente é, portanto, a capacidade do grupo de se renovar constantemente e de se manter atual para um público que não necessariamente os enxerga de maneira tão icônica.
A surpresa da noite ficou, sem dúvida, pelo pouco envolvimento do público durante as três apresentações. Com pequenas exceções, uma absoluta maioria não cantava, pulava ou realmente se empolgava com os shows. Esse esvaziamento de, digamos, “energia”, foi apenas mais um fator de uma noite com grande potencial mas que terminou murcha, com pouco público na casa e pessoas mais interessadas em beber champagne em seus copos comemorativos e postar em seus celulares do que efetivamente viver a experiência de finalmente ouvir Smoke On The Water ao vivo.
Solid Rock, Rio de Janeiro 2017
Jeunesse Arena, Dec 15 2017
Setlist – Deep Purple
Highway Star
Pictures of Home
Bloodsucker
Strange Kind of Woman
Uncommon Man (dedicated to Jon Lord)
Lazy (with extended keyboard solo intro)
Birds of Prey
Knocking at Your Back Door
Keyboard Solo
Perfect Strangers
Space Truckin’
Smoke on the Water (with Rick Nielsen – Cheap Trick)
Encore
Hush
Black Night
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